IDANHA-A-NOVA E FUNDÃO
Grupo investe 50 milhões de euros em amendoal
O grupo luso-brasileiro Veracruz está a instalar-se em dois mil hectares em Idanha-a-Nova e no Fundão, mais concretamente na Herdade do Vale Serrano e na Herdade do Carvalhal, respectivamente. Objetivo é chegar aos cinco mil hectares de amendoeiras e exportar 70 por cento da produção, num investimento que ronda os 50 milhões de euros.
Quando a plantação estiver totalmente instalada e a produção a decorrer em velocidade cruzeiro, destes campos sairão quatro mil toneladas anuais de amêndoa, todas de variedades tradicionais mediterrânicas. No futuro, e através da abertura de capital a outros investidores, a Veracruz pretende chegar aos cinco mil hectares de amendoal implantados.
A primeira fase deste investimento, que ascende a 26,3 milhões de euros, foi recentemente reconhecida pela AICEP como Projeto de Potencial Interesse Nacional (PIN), sendo que o lançamento oficial do projeto PIN da Veracruz decorreu esta terça-feira, 2 de julho, com a presença do secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, Miguel Freitas.
David Carvalho que é sócio cofundador da Veracruz, afirma que “temos como missão fazer de Portugal um player importante no setor de frutos secos na Europa. Pelas suas características edafoclimáticas, Portugal tem todo o potencial para se assumir como uma importante referência na cultura de amêndoa, que por agora se concentra na Califórnia, responsável por 80 por cento da produção total. Por outro lado, pela sua localização geográfica, estamos muito próximos dos consumidores, já que a Europa responde por mais de 40 por cento do consumo global”.
O empresário Brasileiro realça que “já existe um reconhecimento internacional da qualidade dos produtos Made in Portugal e acredita que “é possível potenciar a notoriedade da marca Amêndoas de Portugal, à semelhança do que acontece nos setores do vinho e do azeite”.
Filipe Rosa, sócio cofundador, afirma que a escolha da Beira Baixa se ficou a dever, não só ao clima e solos perfeitamente adaptados à cultura, como também “à disponibilidade de terra e de água. E, tão importante, à vontade política demonstrada pelos autarcas em acolherem o nosso projeto e reverterem o processo de desertificação do Interior. Somos um projeto-âncora que visa criar um cluster de produção para valorizar esta região. Vamos criar mais de 150 postos de trabalho diretos e indiretos nos próximos anos e assumimos o compromisso de contratar, sempre que possível, mão de obra local”.
O empreendimento da Veracruz prevê até 2021 a instalação de uma fábrica de descasque e processamento de amêndoa na Região, num investimento na ordem dos 6,5 milhões de euros. Com capacidade para receber e transformar a produção de outros produtores locais, garantindo-lhes canais de escoamento, esta unidade permitirá atrair outros investimentos em amendoal e reabilitar terrenos abandonados, promovendo o desenvolvimento económico e social da zona.
Apostando nas mais modernas tecnologias de smart farming, o projeto recorre à utilização de drones e à captação de imagens satélite para verificação do desenvolvimento e saúde das plantas. Simultaneamente, implementa as mais sustentáveis tecnologias de agricultura de precisão e economia circular, como a introdução de sondas no solo para monitorização da utilização de água e de fertilizantes.
Além de parcerias científicas e tecnológicas com institutos e universidades locais, a Veracruz pretende apoiar startups de agrotech disponibilizando parte das suas terras como campos de exploração e showroom para estes novos projetos.