Edição nº 1675 - 27 de janeiro de 2021

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

E NO DOMINGO SE CUMPRIU mais um momento daqueles que são a essência da nossa vivência democrática. Eleições em tempos de pandemia teriam de ser diferentes. E foram, principalmente nos constrangimentos em campanhas de rua, as tradicionais arruadas, e nos almoços e jantares de campanha. Que não afetou a totalidade dos candidatos porque um houve, André Ventura,  numa campanha bem mais próxima das clássicas, com muitos eventos que propiciaram contacto com os seus seguidores. E uma campanha com um toque profissional, e com incidentes quase diários que deram a este candidato a oportunidade para ser falado nos meios de comunicação social, entre os comentadores de serviço e nas redes sociais. Tudo aquilo que ele ao cabo e ao resto procurava. E que lhe deu frutos. Foram umas eleições bem mais importantes do  que se imaginaria há uns meses, quando as eleições presidenciais eram de alguma forma desvalorizadas, principalmente porque havia um candidato em processo de reeleição e vencedor antecipado. E depois o que vimos foi uma esquerda dividida entre três candidatos, um erro crasso também porque se sabia que uma parte importante do eleitorado  do PS iria votar em Marcelo, premiando a sua fácil e construtiva convivência com António Costa. Assim, o que vimos foi uma esquerda a imolar-se qual cordeirinho aos pés de um candidato que não respeitou ninguém, se assumiu como ungido pelo Senhor para salvar Portugal. Foram umas eleições bem mais importantes do que muitos julgariam. Mas que ao longo da campanha essa importância foi sendo percecionada o que levou a um estremecer de fervor pela democracia que se traduziu numa ida às urnas em número mais significativo do que os especialistas prenunciavam, numa mobilização no voto em Ana Gomes que haveria de prejudicar principalmente Marisa Matias, mas também João Ferreira,  Na noite das eleições houve dois vencedores claros. Marcelo Rebelo de Sousa que ganhou de forma clara, e o candidato da extrema direita que surge como elemento disruptivo numa direita e centro direita. Esta área política vai entrar assim num tempo de reconfiguração onde, a manter-se esta tendência, o Chega poderá ser a única via para o PSD regressar ao poder. E na noite das eleições Rui Rio teve um discurso onde  quis esquecer isso, uma comunicação que não foi brilhante e dando de garantido, tal como já fizera o líder do CDS, que a vitória de Marcelo foi a vitória da direita e uma estrondosa derrota da esquerda. Num parênteses, não queria deixar de estranhar o silêncio ruidoso de Rui Rio quando Ventura se arvorava em herdeiro dos ideais de Sá Carneiro. E desvalorizou o risco do sucesso de Ventura para o futuro da direita moderada em Portugal. Quando se sabe que, no atual  panorama político, o PSD corre o risco de ficar refém da direita mais radical, cujos ideais  são repudiados pelos simpatizantes e militantes genuinamente social democratas, poderemos ter aquela fatia de eleitorado que normalmente garante a vitória, a afastar-se dos ideais de extrema direita em possível coligação com o partido de ideais social democratas e a seguir o canto de sereia da esquerda moderada do PS de António Costa.

27/01/2021
 

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