Edição nº 1677 - 10 de fevereiro de 2021

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

NESTES TEMPOS ENFRENTAM-SE DESAFIOS que seriam inimagináveis há ainda pouco tempo. Quem imaginaria ter de montar uma operação de vacinação maciça, de mais de 70 por cento da população, valor que se acredita suficiente para criar a imunidade de grupo, no mais curto espaço de tempo, diríamos que em regime de contra relógio? Aqui como em todo o Mundo. Uma operação de tal envergadura que milagre seria se fosse planeada e executada sem qualquer erro, se no processo de distribuição e aplicação da vacina não acontecessem abusos, chico espertismos de passar à frente na fila. Mas a operação até foi globalmente positiva, até ao momento já se vacinaram um pouco mais de 400 mil Portugueses, seguindo os critérios de prioridade definidos pela task force que até há alguns dias era coordenada por Francisco Ramos. E foram detetados algumas, poucas, centenas de casos de vacinação indevida justamente denunciados pela Comunicação Social, que quase sempre contextualizou de forma correta os vários e distintos incidentes. Mas essas preocupações não ocorrem aos bandos de justicialistas que vivem nas redes sociais, bem como nas análises enviesadas que alguns comentadores apresentam em programas de debate que por vezes mais parecem prolongamentos das redes sociais desreguladas e autêntico campo de batalha de ódios pessoais, sem podermos esquecer a intervenção de uma bastonária, num vernáculo e em termos que deveriam envergonhar todo um grupo profissional que ela diz representar. É importante a denúncia das ilegalidades, e aqui o papel da Comunicação Social é essencial, mas também é importante dizer que este fenómeno é universal e seria previsível. Aconteceu na América, no Canadá, em Inglaterra, em Espanha, apenas para apontar estes países… Mas fazer destas situações, pontuais e nunca endémicas, caso central de noticiários televisivos durante dias e dias, não ajuda muito ao sucesso desta operação de vacinação tão importante quanto difícil. Porque conduz à desconfiança e ao descrédito, alimenta o populismo que tanto se diz combater...

ESTA SEMANA, declarava à Lusa Pedro Simas, um dos mais conhecidos virologistas Portugueses, que “fomos dos melhores do Mundo no primeiro confinamento, os piores na origem da terceira vaga e vamos ser um dos países do Mundo que mais depressa conseguiu controlar a terceira vaga porque, de facto, houve uma adesão fantástica ao confinamento e o resultado está à vista” São palavras otimistas que vão no sentido contrário daquilo que atrás enuncio e que por serem isso mesmo, otimistas e alimento para a nossa autoestima, não tiveram grande impacto nos telejornais. E Pedro Simas até cometeu o sacrilégio de elogiar o Serviço Nacional de Saúde, que pelo seu bom desempenho num cenário de guerra pandémica, foi um dos fatores do sucesso no controle dos números assustadores da pandemia. O outro fator foi, segundo ele, o comportamento fantástico dos Portugueses durante o confinamento. “Só temos motivos para estar orgulhosos”, disse. São palavras assim que também precisamos de ouvir de vez em quando.

10/02/2021
 

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