NA RUA DO ESPÍRITO SANTO
Mural eterniza memória de Eugénia Lima
O mural dedicado a Eugénia Lima, localizado na Rua do Espírito Santo, em Castelo Branco, e da autoria dos Portuenses Frederico Draw e Rodrigo Gonçalves, foi inaugurado esta segunda-feira, 29 de março, dia em que a acordeonista Albicastrense, se fosse viva, comemoraria 95 anos.
A nova obra de arte urbana surge pela mão da Junta de Freguesia de Castelo Branco, no âmbito das comemorações dos 250 anos da elevação de Castelo Branco a cidade. Refira-se que este é o segundo mural neste enquadramento, uma vez que outro já tinha sido inaugurado no parque de estacionamento junto à Escola da Senhora da Piedade. Nesse caso um mural da autoria da Albicastrense Natacha Gomez, com o objetivo assinalar o Dia Internacional da Mulher, comemorado a 8 de março.
De relembrar, também, que estas obras ganham forma na sequência de uma proposta da Coligação Democrática Unitária (CDU) apresentada no sentido da arte urbana ser incluída no plano de atividades da Junta de Freguesia de Castelo Branco, a qual foi aceite. Tudo, porque na estratégia da Junta está definida a criação e promoção de uma galeria aberta de arte urbana.
Na cerimónia de inauguração, não faltou um pequeno momento musical com o acordeonista Francisco Martins, que executou dois temas.
O presidente da Junta, Leopoldo Rodrigues, entre outros agradecimentos apresentou um a Luísa Covas e à sua família, por “ceder a parede onde o mural foi pintado”, não se esquecendo também de se referir “a Jorge Sousa, que alertou para as comemorações dos 95 anos de Eugénia Lima”, a quem se referiu como “uma referência do acordeão mundial e fundadora da Orquestra Típica Albicastrense (OTA) ”.
Para Leopoldo Rodrigues o mural “é uma forma simbólica, simples de homenagear Eugénia Lima pela sua importância para a cidade”, recordando que o ensino do seu instrumento, o acor-deão, é uma realidade “na OTA, no Conservatório Regional de Castelo Branco e na Escola Superior de Artes Aplicadas (ESART) de Castelo Branco”.
Sublinhou, também, que o mural “vai ao encontro do que mais valorizamos no nosso território, que são as pessoas” e considerou que “este é um mural para visitar, fotografar e preservar, porque representa a cultura da cidade”.
Por seu lado, Frederico Draw e Rodrigo Gonçalves salientaram que “este é um mural especial, porque é o primeiro pós-confinamento” e revelaram que nos seus trabalhos “a figura assume um lugar central e estamos aqui com uma figura tão importante para Castelo Branco”. Acrescentam que para realizar esta obra “estudamos e ficamos a conhecer a cultura e as tradições da cidade, pelo que Castelo Branco também nos enriqueceu, enquanto artistas e só levamos boas recordações daqui”.
Carlos Salvado, maestro e presidente da direção da OTA, considerou o mural “belíssimo e é com satisfação que o vejo, em nome da OTA, que foi fundada por Eugénia Lima, em 1956”. Eugénia Lima que considera “uma figura muito importante. Tinha uma mão esquerda excelente, foi uma grande compositora e deixou algum espólio à OTA”.
Carlos Salvado defendeu que “esta é uma homenagem merecida” e não perdeu a oportunidade de se referir a Francisco Martins, que “aprendeu a tocar acordeão na OTA, continuou no Conservatório e conclui os estudos na ESART”.
Em representação da Câmara de Castelo Branco, o vereador com o pelouro da Cultura, Carlos Semedo, começou por referir que Eugénia Lima “é uma figura central da vida artística, a partir de certo momento, em Castelo Branco” elogiando o facto de ter “criado a OTA”.
Para Carlos Semedo, Eugénia Lima é também “o símbolo de uma revolução”, recordando que “quando tentou entrar no Conservatório de Lisboa, a entrada lhe foi negada, pelo facto do acordeão ser considerado um instrumento secundário”. Uma batalha que mais tarde foi vencida, pois “em Castelo Branco o ensino do acordeão começou no Conservatório e, depois, na ESART, no Ensino Superior”, concluindo que “o espírito de Eugénia Lima está vivo”.
Noutra perspetiva, Carlos Semedo referiu-se à localização do mural, ao seu enquadramento. Tudo, porque “o mural está próximo da casa de Eugénia Lima. Por outro lado, a primeira vez que atuou ao vivo, quando tinha quatro anos, foi aqui bem perto, no Cine-Teatro Vaz Preto”, que se localizava na Rua Vaz Preto.
Carlos Semedo sublinhou ainda que Eugénia Lima “queria o acórdão no topo dos instrumentos e conseguiu”.
António Tavares