Edição nº 1692 - 26 de maio de 2021

António Nunes Farias
SUPREMA BADALHOQUICE

Nota prévia : Badalhoco: Que não tem hábitos de higiene; que tem um comportamento ou uma atitude repugnante.
In Dicionário da Língua Portuguesa/Academia de Ciências de Lisboa/Editora Verbo

O problema da verdadeira badalhoquice tem a ver com assuntos concretos que não é, mas poderia ser a poia do Bobby esquecida no relvado nas “Docas” e o ar comprometido do dono que esqueceu o saquinho ou a suposta dor nas costas é impedimento para apanhar o “presente” do animal. O animal não tem culpa, o outro, tem. Existe contudo uma certeza: é badalhoco(a) mas preocupado(a) com os seus. Vejamos, não deixa os filhos rolarem naquela relva e esponjarem-se na mesma porque pode ter o cocó do cão, gato ou coelho. Pois, é que o dito até pode ser obra do seu Bobby.
A suprema badalhoquice vai direccionada para outro tipo de postura transformada em falta de limpeza, de respeito, falta de senso e atentado à saúde pública: as máscaras de proteção e de combate à disseminação da pandemia, que depois de perder a validade não vai para o lixo mas… para o chão.
É este o procedimento habitual do “portuga” a juntar a tantos outros, vulgo, cuspir, escarrar e colar pastilhas elásticas e “macacas” em sítios públicos. Mas vistas bem as coisas, até existe uma pontinha de razão em tais práticas, senão vejamos: em casa não dá jeito abandonar a máscara no chão. Faz sentido, alguém pode utilizar a máscara alheia que tem vírus e bactérias e pode contagiar o agregado. É mau. Cuspir, escarrar e colar objectos no chão ou nas paredes da casa fica feio, inestético e até nojento. É péssimo. Conclusão: nada melhor que despejar a porcaria na via pública, afinal aí não há problema, a rua é património de todos e só se chateia quem quer ou observa com indignação tal conduta badalhoca.
Quem tem um pingo de decência e o cérebro maior que um berlinde tem o direito de protestar e chamar os badalhocos à atenção. Mais, quem pratica tamanha imundice devia ser responsabilizado, autuado, admoestado e apontado como exemplo tóxico. Ou seja, e em poucas palavras, colocado nos eixos.
Verdade se diga que, pelo menos em Castelo Branco (onde resido) nota-se a preocupação de contrariar e combater os instintos da badalhoquice. O caso dos recipientes para as pastilhas elásticas, as beatas (dos cigarros), as pilhas, o papelão, o plástico e o resto. Os contentores também existem por todo o lado, (perigoso é coexistirem dois juntos porque no intervalo estão criadas todas as condições e o espaço suficiente para alguns urinarem, em público, claro…). Mais uma virtude do “portuga”, aliviar-se em plena harmonia, ao ar livre.
Em conclusão, quem reflete a olhar para o chão e quem assobia para o ar tem muito em que pensar. Todos sabem que a máscara usada pode ir para o caixote do lixo normal ou, (sugestão minha, no limite), instalem-se pela cidade contentores específicos com letras garrafais “Máscaras usadas-Perigo: objetos contaminados”.
Afinal, se a beata (do cigarro) e os objectos atirados para a via pública são atitudes puníveis, por lei, porque é que a máscara para o chão não o há-de ser, agravado? Diz-me a experiência, (más experiências, por sinal), que isto já lá não vai com sensibilizações em panfletos e anúncios na telefonia mas com a punição à séria, a sério e a doer.

26/05/2021
 

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