Edição nº 1699 - 14 de julho de 2021

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

HÁ MUITO BOA GENTE que considera que em Portugal a justiça não funciona, ou que só funciona para condenar os mais fracos, vivendo conluiada com os poderosos, perceção que transparece em muitos estudos de opinião. Mas para além de podermos considerar que é uma perceção errada e que Portugal em pouco se distingue dos restantes países europeus, a prova de que a justiça tende a ser cega, é que de há alguns anos para cá se tem ocupado de políticos, várias figuras da alta finança já foram condenadas e estão a cumprir pena de prisão. E aquele que foi já considerado o dono disto tudo, aguarda julgamento tal como conhecidos empresários habituados a ocupar as capas de revista por mais agradáveis motivos. Demora, mas o seu dia há de chegar para se saber se inocentes ou culpados. São muito longos os caminhos da justiça em Portugal, principalmente quando enveredam por mega-processos sempre muito complexos e mediáticos. Nos Estados Unidos da América, veja-se o caso Madoff, um caso de enorme fraude bancária. Sem que se soubesse e sem cirúrgicas fugas de informação, o grande investidor Bernie Madoff andou a ser investigado durante oito anos. Em dezembro de 2008, depois de as autoridades terem obtido provas bastante fortes, foi preso e seis meses depois foi condenado a 150 anos de prisão. Aqui, temos o caso de Tancos onde o Ministério Público criou uma narrativa que envolvia o ministro da Defesa, Azeredo Lopes. Durante três anos o ex-ministro e académico ardeu em lume brando, viu a sua idoneidade destruída, para no final, o mesmo Ministério Público deixar cair todas as acusações por não ter conseguido recolher provas suficientes do pretenso comportamento criminoso. E agora temos aquilo que há não muitos anos era impensável, um presidente em funções de um grande clube, cair nas malhas da justiça. Quando sobre um dirigente desportivo houvesse suspeita de práticas dolosas, na opinião pública era tido como melhor forma de não ser incomodado pela justiça a de se perpetuar no cargo. Porque o poder, seja ele político ou judicial, temia enfrentar a fúria dos adeptos. Agora esse tabu está quebrado. O que é muito importante para a credibilidade da justiça. Mas temos de ter sempre presente que é próprio da democracia que até à leitura da sentença, o réu seja presumivelmente inocente.

14/07/2021
 

Outros Artigos

Em Agenda

 123
14/04 a 31/05
Profissões de todos os temposJunta de Freguesia de Oleiros Amieira
23/05
Violent Dancers e o Coletivo 127Fábrica da Criatividade, Castelo Branco

Gala Troféu Gazeta Atletismo 2023

Castelo Branco nos Açores

Video