Edição nº 1709 - 29 de setembro de 2021

João Belém
OS CARGOS

“A ética da convicção e a ética da responsabilidade não são contraditórias.
Completam-se uma à outra e constituem no seu conjunto a expressão do homem autêntico”
Raymond Aron

Temos assistido amiúde a formas perversas de promiscuidade e de disfarce - de interesses privados e públicos, ao sôfrego domínio de certas instituições fundamentais, por pessoas impreparadas, sem currículo e que as usam despudoradamente em benefício próprio.
Já lá vai o tempo em que para se ocupar um lugar de alta responsabilidade política, institucional ou empresarial eram sempre necessárias provas de vida, de experiência e de responsabilidade efetiva.
Roland Barthes (escritor e filósofo) falou da exigência dizendo que “um responsável deve ter nota dez: dois pontos de esforço, três pontos de talento e cinco pontos de caracter “.
Agora, na maior parte das vezes não são usados esses critérios
As pessoas trabalham nas organizações desempenhando um determinado cargo e assim sabemos o que faz e temos uma ideia de sua importância e do nível hierárquico que ocupa. O cargo constitui a base da aplicação das pessoas nas tarefas organizacionais. Para a pessoa, o cargo constitui uma das maiores fontes de expectativas e de motivação na organização.
Mas não são os cargos que fazem as pessoas, são as pessoas que fazem os cargos embora muitas vezes se tente separar a pessoa da função e a função da pessoa, como se o carácter fosse divisível.
A meritocracia é uma palavra formada por “mereo” (ser digno, ser merecedor) e o sufixo grego “kratos” (poder, força). Ou seja, trata-se do alcance do poder através do merecimento.
Segundo essa linha de pensamento, os objetivos são atingidos por aqueles que se dedicam e se esforçam em medida suficiente. Portanto, devem ser premiados e bonificados de maneira proporcional.
No mesmo sentido, os indivíduos que não obtêm sucesso foram os que não se preparam ou aplicaram o bastante. A eles, cabe o resultado de fracasso pela “falta de empenho”.
O incentivo ao mérito e a ética da sabedoria integral e do esforço honesto são, não raro, abafados pela defesa da mediocridade e de igualitarismos bacocos que afastam os melhores, mas são esplendorosamente retributivos para toda a espécie de boyismos.

29/09/2021
 

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