CULTURA
O novo ano editorial do poeta António Salvado
Setembro é, por regra, o mês em que autores e editores lançam no mercado as novidades literárias. Por isso, a Gazeta do Interior foi saber junto de António Salvado, poeta Albicastrense cada vez com maior insistência reconhecida internacional e nacional, que novidades irá oferecer até final do ano. O objetivo não consistiu apenas em conhecer novos títulos, mas antes perceber algo da génesis, elaboração das histórias dos trabalhos que tenciona publicar.
António Salvado revela que “vários livros ganharão forma até final do ano. Uns serão, como evidenciarei a seguir, reedições sob diferente aparato e sob inusual intencionalidade. Outros de conteúdo quase original. Quanto ao primeiro grupo, poderei indicar um pequeno livro intitulado Sinais de Deus na minha poesia, que constitui, grosso modo, a tradução para Português do livro com o mesmo nome saído em Espanha há alguns anos”, salientando que “não há que admirar, pois é do conhecimento geral a minha vivida atração pelas temáticas poéticas cristãs. O livro, além de uma pertinente introdução do professor da Universidade de Salamanca, Alfredo Pérez Alencart, apresenta um notabilíssimo ensaio do professor Alfonso Ortega Carmona, catedrático da Universidade Pontifícia, intitulada Deus à vista no Parnaso e a poesia de António Salvado. Quanto ao excurso da minha autoria, e em breves palavras, ele procura interpretar e aprofundar o sentido mais recôndito de 12 poemas meus, de cunho evidentemente religioso”.
António Salvado destaca depois que “alguém próximo de nós revelou que os meus livros de poemas deambulavam variadíssimos animais, moroso seria enumerá-los todos agora, e que esses animais constituíam não encosto de adorno, mas antes realidade significativa no corpo do poema. Daí o livro-álbum que terão ocasião de ler, Os animais na poesia de António Salvado. E dou um exemplo: a mosca… verão a polissémica riqueza deste inseto na minha poesia. Falta dizer que o livro-álbum terá para cada animal selecionado uma belíssima ilustração da pintora Rosário Bello”.
O poeta revela também que nesta perspetiva de textos selecionados, haverá outro livro, que é Poesia de amor nos versos de António Salvado, “seleção que, em horizonte temporal, vai do meu primeiro livro, A flor e a noite, até a livros mais recentes. E deixe-me dizer que não se trata de qualquer arte de amar à maneira clássica de Ovídeo e de outros de várias épocas, mas sim, e numa ótica radicalmente diferente, da conjugação da experiência, de que falava Rilke, ao sentimento e à imaginação, que acrescentamos nós”.
António Salvado anuncia igualmente “um livro inteiramente original, Palavras magoadas de D. Quixote a Dulcineia”. Um livro sobre o qual revela o poema A Paixão. Quando os rios regressam à nascente,/as estrelas movimentam-se no céu/o mar invade a terra e a terra seca/os bichos velhos como novos criam,/as rudes pedras fazem-se cristais,/as árvores despidas reflorescem/quatro estações centradas numa só, os silêncios a provocarem gritos,/apaixonada música a desafinar,/o longe que em mais perto se transforma,/o perto que mais longe se fixou,/o mundo que era esférico… ruiu/e p´la manhã o sol sem despertar.
Ainda este ano, e enquadrado em atividades do poeta no seu antigo Liceu será lançado um livro que traçará o seu itinerário existencial e profissional Albicastrense, intitulado Albicastro: Geografia Poética de António Salvado em Registo Breve, realizado e prefaciado por Maria de Lurdes Gouveia da Costa Barata.
Mas também haverá novidades no que respeita à prosa, com António Salvado a adiantar que “nada de original, mas os 13 volumes de Leituras, que recolhem textos de conferências, de apresentação de livros, de ensaios de variadíssimas temáticas, literárias, museológicas, históricas, cultura popular, de introdução a obras pouco conhecidas e reeditados nas Leituras, juntamente com algumas dezenas de textos soltos mas de índole variada igual”, avançando que “tudo se encontra nas mãos do doutor Paulo Samuel, que selecionará e prefaziará o conjunto. Como é sabido o doutor Paulo Samuel é um dos melhores estudiosos da obra poética e não só de António Salvado”.
António Tavares