Antiga lucerna cristã exposta no Telhado
O Museu do Fundão, apresenta, na Casa do Barro do Telhado, freguesia do Concelho do Fundão, a exposição Ichthys. Matéria de Esperança, onde se apresentam as primeiras evidências arqueológicas do cristianismo neste território da Beira. A mostra é centralizada numa lucerna, recolhida na Fatela, datada entre os séculos IV e V d.C., que possui gravada um peixe, primeiro símbolo com que os primeiros cristãos se identificavam. Ichthys ou Ichthus do grego antigo significava Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador.
Também se situa no Concelho do Fundão, a Capela de São Pedro da Capinha um dos testemunhos arquitetónico mais antigos da cristianização deste território desde a Antiguidade tardia na Diocese Egitanienese cujas ruínas fazem parte da atual aldeia de Idanha-a-Velha, da qual dependia, S. Pedro. Escavações e proporcionaram a identificação de uma piscina batismal, datada dos séculos VI/VII e duas áreas de necrópole, uma mais antiga, datada dos séculos V/VII e outra dos séculos X/XI. O sitio, hoje transformado em palheiro, também foi ocupado durante o período islâmico. Para Pedro Salvado, chefe de Divisão de Museu e Património Cultural da Câmara do Fundão, “a mostra confirma que estas agrografias nunca foram periféricas e sempre possuíram uma matriz de acolhimento cultural, um território de centralidades. Neste caso é fantástico percebemos como foi a receção da religião da Esperança. O peixe, o batistério da Capinha, as arquiteturas reutilizadas são elementos estruturadores e intrínsecos da densidade temporal da nossa identidade beirã. Realidade que urge ser preservada e divulgada. A mostra mereceu a visita do novo bispo da Guarda, D. José Miguel Pereira, que revelou o seu empenho na preservação e estudo do património artístico da vasta Diocese da Guarda. A Capela de S. Pedro da Capinha encontra-se em processo de apreciação para a sua classificação como Monumento Nacional”. Afinal como Pedro Salvado afirmou “a Capela de S. Pedro é uma filha da Catedral de Idanha-a-Velha. E os pais defendem os filhos e os filhos respeitam os pais”, apelando a um entendimento estratégico entre os investigadores da história das religiões para atuarem “em conjunto e sem excessivos localismos”.