Edição nº 1779 - 8 de fevereiro de 2023

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

É UM ASSUNTO RECORRENTE, diria que todos os anos se volta ao mesmo ponto da discussão: que em Portugal se vive com muito frio dentro de casa. E partindo desta verdade inquestionável, pergunta-se o que foi feito ou o que há a fazer, para alterar uma realidade que não é nada simpática para Portugal, situando-nos na cauda da Europa, só com a Grécia, Lituânia, Chipre e Bulgária a passar mais frio em casa. Segundo inquérito recente, mais de 80 por cento dos portugueses não se sente confortável em casa, ou muito quentes ou muito frias, em consequência da pobreza energética agravada pela qualidade de construção, quase sempre mal isolada. Os estudos mostram que entre 1 a 2 milhões de portugueses vivem em pobreza energética moderada e 700 mil em pobreza energética extrema. E que, na grande maioria dos casos, nem sequer se recorre ao aquecimento elétrico clássico, pois se sabe que será depois confrontado com contas do fornecedor de energia mais elevadas na ordem de 50 por cento. Algo que é impensável, para quem tem os tostões contados no mês a mês. Uma situação de pobreza energética num país pobre tem sempre o dobro das dificuldades em ser enfrentada. Aproveitando os fundos do PRR, já foram tomadas pelo executivo de António Costa, algumas medidas, mas que se têm mostrado insuficientes ou mal desenhadas. Os valores do apoio não são suficientes para alterar de forma consistente o panorama, quer através de soluções sustentáveis que incluem impermeabilizações e isolamentos, quer pelas soluções ativas de instalação de ar condicionado e bombas de calor. Além destes apoios terem um valor quase sempre insuficiente, por serem pagos (sem garantia) depois da intervenção, ainda exigem uma disponibilidade financeira que, como é fácil de imaginar, está longe, muito longe, de ser generalizada a toda a população-alvo da iniciativa. Assim se constata que, mesmo no acesso a estes apoios via PRR, haverá sempre pobres e ricos, as diferenças de classe do nosso dia a dia, que o Estado nos alimenta hoje.

E UMA BREVE NOTA de atualidade sobre a guerra na Ucrânia, onde parece mesmo aos olhos do observador mais desatento que, ao fim de um ano de guerra, a situação parece ter chegado a um impasse que não augura nada de bom. Foram caindo pontes de diálogo entre as partes em conflito; a Rússia parece ter resistido bem aos sucessivos pacotes de sanções impostos pelo ocidente, Europa e Estados Unidos em particular e há sinais que apontam por estes dias para uma grande ofensiva, antes da chegada dos famosos tanques Leopard 2, que poderão dar algum alento às tropas ucranianas. E no meio desta guerra, temos de lembrar sempre aquele povo mártir e resiliente, que não se quer vergar ao país invasor que já foi irmão e de quem agora se manifesta litigiosamente divorciado.

08/02/2023
 

Outros Artigos

Em Agenda

 
29/05 a 12/10
Castanheira Retrospetiva Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco
02/08 a 26/10
Barro e AlmaMuseu Francisco Tavares Proença Júnior, Castelo Branco
06/08 a 14/09
O Vestido da minha vidaGaleria Municipal de Oleiros
04/09
Conversas de ImpactoMercado Municipal de Castelo Branco

Gala Troféu Gazeta Atletismo 2023

Castelo Branco nos Açores

Video