Fernando Pessoa afirmava, no poema “Liberdade”, que “Grande é a poesia, a bondade e as danças…/ Mas o melhor do mundo são as crianças”.
Esta semana celebramos o Dia da Criança (1 Junho), que tal como outras efemérides do género, foi criado com o objetivo de pôr em evidencia realidades que na verdade deveriam ser tidas em atenção cada dia. Este está, especificamente, muito ligado aos Direitos das Crianças. Ter um nome, morar com os pais, brincar, ir à escola, dar opinião e gozar de saúde, ser amada…. Estes são alguns dos direitos dos mais novos que estão consagrados na Convenção sobre os Direitos da Criança.
Assim, pensei em reflectirmos sobre o educar com amor e responsabilidade….mas para tal é também importante sabermos o momento e a forma adequada de estabelecer limites e regras.
Quantas vezes, perante comportamentos inadequados dos filhos, questionamos qual a melhor forma de agir??
Ora, amar e mimar um filho, quer dizer aceitar todos os erros? Não ter critica? É, claro que NÃO! Na verdade, o que temos que treinar é como e o que criticar. É muito importante não confundir a criança com o que ela faz, podemos não gostar de como os filhos se comportam mas não devemos misturar afeto e comportamento Por exemplo, em vez de dizer à criança ..”és egoísta”, depois dela ter comido um chocolate inteiro e não ter deixado para o irmão, podemos dizer “não gostei que tivesses comido o chocolate todo e não tivesses partilhado com o teu irmão, da próxima deves dividir, certo? Portanto, a crítica deve ser ao comportamento e não a pessoa. Amamos as crianças, simplesmente, porque são filhos, netos, sobrinhos afilhados, mas também temos que ter a responsabilidades e a tarefa de educá-las. Amar não é só elogiar, dizer coisas boas, presentear, mas é aceitar a sua criança, valorizar as atividades e as escolhas que ela faz…Parece simples, mas não é! AMAR E MIMAR DEMAIS NÃO É ERRADO! O que prejudica é superproteger, ser permissivo ou ser intrusivo (sufocar), mas isso não é amar, nem mimar demais. Quanto mais amada a criança se sente, melhor ela aceita as regras e limites e desenvolve amor e compaixão pelos outros.
No entanto, a superproteção vai deixá-los incapazes de se tornarem adultos independentes e de saberem lidar com frustrações e perdas. Todos os pais desejam motivar os filhos a conquistarem tudo o que desejam, mas, muitas vezes, o excesso, não permite que a sua autonomia seja desenvolvida e muito menos a sua identidade. Assim, Limites devem fazer parte do processo! E como criar filhos com limites?
Para conseguir estabelecer regras com as quais a criança aprenda a respeitar e entender, é importante que os pais/responsáveis estejam alinhados com os mesmos objetivos para que não haja desautorização de nenhuma das partes. E, é essencial estabelecer uma comunicação aberta e assertiva com as crianças. Algumas atitudes importantes para evitar comportamentos indesejados são: Ser firme - colocar limites e explicar as consequências de atos desobedientes é importante, por isso não volte atrás nas suas decisões; Não use presentes como forma de compensação - é muito válido, proporcionar coisas boas aos filhos, mas para tudo existem os momentos certos, ensinando-os a valorizar aquelas coisas que realmente importam na vida; Não se culpe ao dizer “não” e impor limites: as crianças estão na fase de desenvolvimento e descobertas e é essencial que entendam o mundo a sua volta e sejam inseridas na realidade em que vivem.
Os filhos são apenas o reflexo de seus pais e educar não é fácil, exige muita paciência e dedicação, mas é uma arte que com certeza no futuro você se orgulhará!
(Psicóloga Clínica e da Saúde)

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