Edição nº 1798 - 21 de junho de 2023

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

NOS ÚLTIMOS ANOS vários casos judiciais têm atravessado a sociedade portuguesa. Os mais mediáticos têm envolvido clubes de futebol e políticos de primeiro plano. Estas operações judiciais são sempre batizadas com criatividade pelos investigadores. A operação Apito Dourado, o nome não deixa dúvidas sobre o assunto em investigação. Ou na operação Marquês que tanto pode ser uma referência geográfica, como poderá ter a ver com o caráter ou perfil psicológico da personagem central do caso. E na operação que esta semana trago a este espaço, a operação Tutti Frutti, quererá talvez associar os partidos a fruta e traduzir o envolvimento no caso que nasceu de denúncia anónima, de vários partidos, incluindo os dois do arco da governação. É a política autárquica, suspeita de vários crimes, com tráfico de influências e corrupção entre outras coisas.
Pouco haveria a dizer sobre o caso, se ele não tivesse já sete anos de existência, envolvendo dois atuais ministros do governo de António Costa, à época a dirigir a autarquia lisboeta. Sete anos em que a investigação esteve parada, não importando que os protagonistas continuassem estes anos sob suspeita de crimes graves. Durante estes sete anos nem foram constituídos arguidos, não foi formulada qualquer acusação, nem sequer foram ouvidos pelas autoridades.
Sete anos depois, um canal de televisão vem anunciar em abertura de telejornais os resultados da sua investigação sobre o caso. É a mesma informação, já conhecida desde 2016 a que se acrescentou agora o picante das escutas telefónicas e trocas de e-mails entre os protagonistas. Resultado de investigação? Claro que não. O canal de televisão limitou-se a ser o mensageiro da informação vazada pelo Ministério Público, uma forma de mostrar a sua incapacidade de apresentar resultados. De uma forma inocente? Claro que não. Quando o folhetim TAP está a dar as últimas, a cansar a opinião pública e a diminuir audiências, é a altura certa para desenterrar casos que envolvam nomes sonantes, de preferência se forem ministros. E a procuradora-geral da República, Lucília Gago, justificou por estes dias os atrasos no caso Tutti Frutti, com a “falta de recursos”. E anuncia que a divulgação das escutas está a ser investigada, por clara violação do segredo da justiça. Quanto à violação do segredo de justiça, alguém se lembra de algum caso de violação, e têm sido incontáveis, que tenha sido castigada? Alguém acredita que é agora? Quanto à falta de recursos, anunciou hoje a constituição de uma equipa especial e numerosa para pegar finalmente na investigação. Será que é agora, ao fim de sete anos que haverá arguidos? Vamos esperar para ver. Na certeza de que caminhando, como parece ir a acontecer, para um mega processo, sete anos serão poucos para dar o nó final a esta trama.

21/06/2023
 

Em Agenda

 
07/03 a 31/05
Memórias e Vivências do SentirMuseu Municipal de Penamacor
12/04 a 24/05
Florestas entre TraçosGaleria Castra Leuca Arte Contemporânea, Castelo Branco
14/04 a 31/05
Profissões de todos os temposJunta de Freguesia de Oleiros Amieira
02/05
Obrigado senhor ZéTeatro Estúdio São Veiga, Idanha-a-Nova
tituloNoticia
03/05
Canta LiberdadeCasa da Cultura da Sertã

Gala Troféu Gazeta Atletismo 2023

Castelo Branco nos Açores

Video