Edição nº 1821 - 6 de dezembro de 2023

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

SOU LEITOR DIÁRIO DE MIGUEL ESTEVES CARDOSO (MEC), um dos nossos últimos cronistas, como o fui de Manuel António Pina, Eduardo Prado Coelho, Vasco Pulido Valente, José Gomes Ferreira (não é esse em que alguns estarão a pensar) ou Batista-Bastos. Admiro no MEC, como alguém que escreve diariamente, desde há muitos anos, a sua crónica que tanto pode passar pelo bolo de arroz, pelas ostras que comeu num restaurante do Algarve como sobre algo que se relacione com a sua amada Maria João, sempre com inteligência e a dose certa de humor. Uma semana destas escrevia ele sobre o prazer de ler jornais e revistas em papel. Encher a mesa de café de jornais, com leituras que até podem ser partilhadas com vizinhos de mesa, em contraponto às leituras no smartphone, como atualmente é a prática mais habitual dos leitores de jornais. Eu lembro-me de quando frequentava mais os cafés do que agora, de como para mim era inconcebível sentar na mesa com a bica à minha frente sem me fazer acompanhar de um jornal. Porque era boa companhia, porque a maneira como se lê um jornal em papel é diferente da leitura do mesmo jornal em formato digital. Mas para as novas gerações, aquelas que já nasceram ou cresceram na era digital, é capaz de ser indiferente, ou até poderão sentir-se mais confortáveis na leitura em ecrãs, em hipertexto.
Para a geração do MEC, que é também a minha, o jornal em papel tem a grande vantagem de ter na mão um produto cultural, onde os conteúdos estão organizados de uma forma pensada pelo designer gráfico em consonância com os responsáveis editoriais. Eu pego no Público e começo sempre do fim para o princípio (mania minha) com primeira paragem na crónica do MEC. Entretanto já fui organizando mentalmente a sequência da leitura, priorizando os textos de opinião. Sabemos de leitores da Gazeta que nos escolhem, para além de outras razões, pela qualidade dos textos de opinião que publicamos. E estando com o nosso jornal na mão, sabem onde está aquilo que procuram, o prazer da leitura de um bom texto de opinião que convida à reflexão, que nos enriquece, escrito por um destacado nome da cultura local, regional e nacional.
Tudo isto não significa que se menorize o formato digital. Que tem um lugar importante na oferta de informação instantânea ou que, como diz MEC, onde se vai buscar informação complementar ao que lemos no nosso jornal de papel, informação sobre alguma personagem ou evento apenas referidos em notícia ou artigo de opinião. A informação mais atualizada está na Internet, no jornal tantas vezes já está desatualizada no momento em que é posto à venda. Noutros tempos, em situações em que os acontecimentos se desenrolavam velozmente, para manter a notícia atualizada sucediam-se as edições dos jornais. No dia 25 de Abril e subsequentes, o Século, Diário de Notícias, Diário Popular, Diário de Lisboa, A Capital e o República estiveram com as rotativas sempre em situação de prontidão para colocar na rua novas edições, com informação da hora de edição, as notícias mais recentes, lidas com avidez por muitos milhares de leitores.
Felizmente, agora a Internet dá-nos em contínuo a informação sempre atualizada, seja sobre a crise política ou sobre as últimas dramáticas notícias da guerra. Mas o jornal terá sempre um papel importante na consolidação do nosso conhecimento do Mundo.

06/12/2023
 

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