Edição nº 1833 - 28 de fevereiro de 2024

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

HÁ ALGUMAS SEMANAS escrevi aqui que quem repudia a barbárie, a dor, a morte provocadas pelo regime autocrata e ditatorial de Putin terá, que ser coerente e denunciar o horror que a população civil, maioritariamente crianças e mulheres indefesas, de Gaza vive às mãos de ferozes soldados às ordens de um cruento Netanyahu. Alexandra Lucas Coelho é a jornalista portuguesa que melhor conhece esta região que desde há muitos anos vive um clima de guerra e sequestro, por ter sido correspondente do jornal Público em Jerusalém durante vários anos, experiência que resultou em obra publicada e premiada. A sua mais recente crónica publicada no jornal Público, escrita por quem assistiu em direto ao drama palestiniano, é um verdadeiro murro no estômago. Uma intervenção militar de uma violência inusitada e poucas vezes vista que fez levantar vozes um pouco por todo o Mundo, que levou Lula da Silva a não medir as palavras e a comparar ao holocausto o que os habitantes de Gaza sofrem diariamente. As palavras de Lula obviamente provocaram a ira do governo extremista de Israel, cada vez mais isolado e a alimentar pela sua política de agressão, sentimentos antissemitas um pouco por todo o lado. Por enquanto, ainda tem o apoio militar e diplomático do governo dos Estados Unidos, já claramente desconfortável mas a ter de dobrar-se ao lobby poderosíssimo dos judeus na América.
Na mesma linha de Lula, escreve Alexandra Lucas Coelho que a utopia acabou, que o que vemos é Auschwitz-em-direto. Vemos cães a desenterrarem valas para comerem gente, gente que comeu a comida dos gatos e dos cães e fez com isso pão. Uma menina a com metade de um limão na mão porque não há pão. Ainda hoje nos telejornais se mostrou que o alimento de muitas famílias é a erva da rua com que se faz a sopa para calar a fome dos filhos. E é conhecida e documentada a crueldade dos soldados israelitas, o prazer de matar, mandar pelos ares prédios em Gaza ao melhor estilo PlayStation, com tacos de basebol destruindo coisas já destruídas, urrando, numa orgia de violência. E temos de referir a dramática história que chocou meio mundo e de que há registos sonoros, da menina de seis anos que se deslocava num automóvel com sua família para sul de Gaza, conforme ordenado pelo governo de Israel. A viagem foi curta, logo o veículo (civil) foi intercetado e atacado pelos soldados. Do ataque apenas ela sobreviveu, ficou fechada no carro e em pânico pedia ao Crescente Vermelho (Cruz Vermelha) que a fossem buscar. Dizia que os seus familiares dormiam. Ao fim de horas de angústia em que manteve o diálogo com a operadora, finalmente ela diz estar a ver chegar a ambulância que a vinha resgatar. Foram as últimas palavras que se lhe ouviram. Os soldados israelitas atacaram e incendiaram a ambulância e o que restava do veículo civil.
Será que mil israelitas mortos e duzentos reféns causados pelos terroristas do Hamas são mais importantes que os 30 mil mortos palestinianos? É uma resposta fácil para o fanatismo religioso que suporta Netanyahu e que assume querer a morte ou a expulsão de todos os palestinianos, sejam crianças ou mulheres. Um israelita, questionado por um repórter estrangeiro sobre o que sentia perante os milhares de inocentes mortos em Gaza, respondeu simplesmente, eles que morram eu preocupo-me é com a minha família...

28/02/2024
 

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