Edição nº 1840 - 17 de abril de 2024

Lopes Marcelo
INAUGURAÇÃO DO MUSEU

Na corrente semana, no dia 17 deste mês, quarta-feira, passam cento e quatorze anos sobre a data da inauguração do Museu Francisco Tavares Proença Júnior, projecto maior e síntese de toda a breve vida do jovem arqueólogo. A ideia terá surgido no Congresso de Pré-história de Autum em que participou no mês de Julho de 1907, onde teve conhecimento da decisão do deu mestre Louis Piette de doar a sua vultuosa colecção arqueológica ao Museu das Antiguidades Nacionais de Saint-Germain. O exemplo do ilustre arqueólogo francês reforçou a esperançosa ideia do nosso jovem albicastrense.
Alternando entre Coimbra onde prosseguia os estudos por imposição de seu pai e a Quinta da Cortiça onde se refugiava para se dedicar aos estudos arqueológicos, dá passos concretizar a criação do Museu.
O primeiro foi expor ao Presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco o seu projecto da criação do museu, enquadrado numa missão cultural mais vasta de alargar os conhecimentos da história e da civilização na nossa região.
Consta da referida carta.
“Excelentíssimo Dr. Manuel Pires Bento. Uma das mais altas missões dos corpos sociais dirigentes é contribuírem por meio do esclarecimento da história para o aumento da instrução e para que assente em bases sólidas o amor da terra pátria. Quanto mais intenso for o conhecimento da história tanto mais firme será o sentimento da nacionalidade.
A arqueologia é o auxílio indispensável da história ministrando meios de comprovação directa dos factos.
Possuidor de uma colecção arqueológica – a única existente na província da Beira Baixa – composta de perto de três mil objectos provenientes principalmente do distrito de Castelo Branco, lembrei-me de que ela poderia servir de núcleo para a formação dum museu público. Existe nesta cidade um edifício desocupado já há muitos anos. É a capela do antigo Convento de Santo António.
Para que esta minha ideia se realize deverá ser pedido ao Governo a concessão da dita capela. Fico inteiramente e graciosamente à disposição da Câmara para:
- Dirigir a instalação dos objectos no museu, oferecendo parte da minha colecção e depositando lá a outra parte;
- Promover o desenvolvimento do museu, continuando a realizar explorações e a recolher materiais.”
Mais tarde, comenta que o esclarecido Presidente da Câmara Municipal concordou e lhe enviou a acta da sessão de Abril de 1908: A Câmara aprovou a proposta de criação do Museu e o Ministro da Guerra cedeu a capela de Santo António.
Nos tempos seguintes empenha-se em organizar as fichas dos materiais a expor, desenha e promove junto da família a construção das estantes e do restante equipamento. As obras de adaptação da Capela arrastaram-se e só em Abril de 1910 foi possível inaugurar o Museu.
“Ah, que emoção! Parece que foi ontem! A 17 de Abril de 1910. Aqui fica parte da minha colecção de arqueologia. Ainda há muito a fazer, elaboração do catálogo, recolher mais peças e elaborar as correspondentes fichas técnicas e proceder com entusiasmo à respectiva divulgação. Na medida em que a saúde mo permitir hei-de prosseguir”. Um Museu não pode ser uma casa fechada, mas antes, um espelho da nossa história em diálogo com todas as gerações.
A cidade acolheu surpreendida a novidade
Não quis honrarias nem festa, apenas a notícia para que o público tivesse conhecimento e que, realmente, compareceu em número significativo.
Ouviram-se vozes no exterior: Viva! Viva o nosso Museu! Viva! O som da Banda Filarmónica fez-se ouvir em nota festiva de cariz popular.
Pouco depois, surgiu o documento do louvor Real, poucos dias depois da inauguração, onde se lê:

“Paço Real, em 30 de Abril de 1910. Sua Majestade El-Rei havendo conhecimento de que Francisco Tavares Proença Júnior, muito erudito e dedicado cultor de estudos e de epigrafia, como o demonstram as importantes investigações que tem feito e trabalhos que tem publicado neste assunto, ofertou à Câmara Municipal do concelho de Castelo Branco um museu, composto de muitas valiosas colecções arqueológicas que instalou a expensas suas: há por bem determinar que, em seu real nome, sejam por estes motivos conferidos àquele benemérito e prestante cidadão os devidos louvores”.

17/04/2024
 

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