Edição nº 1868 - 6 de novembro de 2024

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

NA PASSADA SEMANA, uma tragédia devastadora abateu-se sobra a Comunidade Valenciana. Um fenómeno meteorológico raro, a “gota fria” ou DANA, acrónimo de “depresión aislada en niveles altos” fez desabar um autêntico dilúvio sobre toda a região que resultou em destruição e morte, muitas mortes, centenas, e muitos desaparecidos, mais de mil e oitocentos, de que a maioria já não haverá muita esperança de os encontrar com vida.
Surpreendentemente, a tragédia veio pôr a descoberto muitas fragilidades nos serviços de emergência, do governo da Comunidade e no governo central. Foram precisos vários dias para que os socorros começassem a ter uma ação concertada na limpeza e busca de sobreviventes. Até lá, foi uma horda de voluntários, muitos milhares que, solidários com as vítimas da tragédia, meteram mãos na lama para ajudar os valencianos. De forma descoordenada e a amplificar o caos.
Não foi por falta de avisos que a tragédia aconteceu. Vários técnicos de meteorologia tinham alertado para a possibilidade disto acontecer. Mas o presidente do Governo da Comunidade Valenciana, por sinal negacionista das mudanças climáticas, desvalorizou os avisos.
As imagens de destruição como as que as televisões nos mostram, pareciam ser só possíveis em países distantes, de outros continentes, em países pouco desenvolvidos com estruturas de saneamento e habitação muitos frágeis. Isto aconteceu a poucas horas de viagem da nossa cidade, podia ter acontecido em Portugal, certamente com consequências semelhantes. Porque é mais que o desastre natural, resultado de fenómenos meteorológicos extremos. As causas da tragédia são multifacetadas e complexas, envolvendo uma combinação de fatores naturais e humanos. A urbanização desordenada, com a expansão urbana a fazer-se em áreas de risco, como leitos de rios e encostas, aumenta a exposição da população a eventos extremos. Se a “gota fria” acontecesse sobre a área metropolitana de Lisboa sabe-se bem quais as zonas que seriam especialmente afetadas, já há muito tempo criticamente apontadas pelo arquiteto Gonçalo Ribeiro Teles. Que o desastre em Valência sirva de aviso e se pense seriamente na tomada de medidas de prevenção.

QUANDO OS LEITORES DA GAZETA lerem estas palavras já haverá indicadores, se não certezas, sobre o novo inquilino da Casa Branca. O Mundo está em suspense sobre o resultado das eleições mais importantes das últimas décadas na América. Eu, tido entre os amigos como otimista irritante, tenho estado pessimista nos resultados, mas na última semana algum otimismo voltou. Por culpa das mulheres americanas que se estão a mobilizar de forma maciça para derrotar Trump. Miguel Sousa Tavares alertava esta semana no Expresso para os cem anos de regressão que representará a eleição de Trump da qual só um milagre nos salvará. Tal como ele termina a sua crónica, também eu penso que talvez seja altura de nos assustarmos. E esperar pelo milagre das mulheres, capazes de fazerem tantas coisas boas, pois que agora sejam decisivas na eleição de Kamala Harris.

06/11/2024
 

Em Agenda

 
07/03 a 31/05
Memórias e Vivências do SentirMuseu Municipal de Penamacor
12/04 a 24/05
Florestas entre TraçosGaleria Castra Leuca Arte Contemporânea, Castelo Branco
14/04 a 31/05
Profissões de todos os temposJunta de Freguesia de Oleiros Amieira

Gala Troféu Gazeta Atletismo 2023

Castelo Branco nos Açores

Video