João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...
NOS ÚLTIMOS DIAS A MINISTRA DA SAÚDE tem estado mais uma vez na berlinda. Na linha da sua conduta governativa dos últimos meses, o seu ministério está agora envolvido numa crise no INEM, uma instituição essencial à segurança na saúde de todos os cidadãos. O pré-aviso de greve do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré Hospitalar, foi ignorado pelo Ministério da Saúde com as consequências já conhecidas. A morte de vários doentes em circunstâncias que estão a ser investigadas e que, caso se confirme o nexo de casualidade das mortes com a falta de resposta atempada por parte do INEM, irá ter consequências para a ministra da Saúde e sua equipa. Por negligência ou incompetência não se ligou ao pré-aviso e o caso não teria consequências, como se viu na reunião, já tardia, que terminou rapidamente em acordo com um sindicato macio e compreensivo.
Esta ministra entrou a matar e fez uma limpeza nas chefias dos serviços que tutela sem cuidar das possíveis consequências nos utentes de saúde. No caso do INEM, o atual responsável é o terceiro em sete meses. O escolhido para substituir aquele que chefiava os serviços nos tempos do governo socialista, aguentou uma semana, o atual é aparentemente uma personagem fora do contexto dos serviços. Parece distante, foi deprimente ver a assessora pegar nele, cortar-lhe a palavra, para o afastar dos jornalistas. E temos a ministra a passar um atestado de incompetência à sua secretária de estado, retirando-lhe a pasta do INEM que ela passou a gerir em dedicação de 70 por cento do seu tempo ministerial (ministra dixit).
Mas não há modo de esconder, mesmo recusando responder à imprensa, que se ignorou um pré-aviso de greve por negligência ou incompetência. Ninguém duvida que com uma intervenção atempada a crise não teria acontecido e por isso não se augura longa vida à equipa do Ministério da Saúde. Aqui, neste espaço, escrevi há alguns meses atrás, que provavelmente a ministra não comeria as filhoses no ministério. Cada vez mais um elemento tóxico no governo, será que o Primeiro-Ministro, que corre o risco de ter o governo e ele próprio contaminado, a vai segurar muito mais tempo? Que isto da perceção dos eleitores não funciona só para a insegurança das ruas
NÃO ESCONDO que acho de muito mau gosto e sem ética, os anúncios da Santa Casa da Misericórdia a proclamar a criação de um excêntrico cada semana. Aqui quero deixar o elogio ao anúncio de Natal do Continente. A personagem central do pacote de anúncios é um idoso que vive sozinho. E em todos eles há um toque de sensibilidade a apelar à solidariedade e ao problema da solidão na terceira idade. A Santa Casa da Misericórdia devia por os olhos nesta publicidade onde não é preciso excentricidades absurdas para prender a nossa atenção.