António Tavares
Editorial
Celeste Caeiro, que no dia 25 de Abril de 1974 transformou o cravo no símbolo da Revolução que comemorou este ano o 50.º aniversário, morreu na passada sexta-feira, 15 de novembro, aos 91 anos.
Celeste Caeiro, que também ficou conhecida como Celeste dos Cravos, esteve intimamente ligada àquela que ficou conhecida como a Revolução dos Cravos, que colocou um ponto final na ditadura do Estado Novo em Portugal.
Uma ligação que surgiu não por ter qualquer ligação à vida política ou a qualquer ramo das Forças Armadas, porque, na realidade, Celeste Caeiro era uma Lisboeta que há 50 anos atrás trabalhava num self-service, na Rua Braamcamp, em Lisboa. No dia da Revolução o self-service não abriu ao público e o patrão, para que os cravos que tinha para oferecer aos clientes e decorar o espaço não se estragassem, fez com que cada funcionário levasse um ramo. De ramo nos braços Celeste Caeiro dirigiu-se para o Rossio, onde tomou conhecimento da Revolução e um militar lhe pediu um cigarro. Como não fumava, deu-lhe um cravo, que ele colocou no cano da arma. A partir daí, os cravos começaram a adornar armas e lapelas, tornando-se no símbolo da Revolução.
Cravos que Celeste Caeiro voltou a distribuir este ano, aquando das comemorações do cinquentenário da Revolução.
E, deste modo, Celeste Caeiro ficou para sempre ligada ao 25 de Abril, à liberdade, sendo que também está eternizada em Castelo Branco, no mural existente na Praça 25 de Abril.