REALIZADA NO DIA 27 DE FEVEREIRO
Incidente regimental marca Assembleia Municipal
A Assembleia Municipal de Castelo Branco realizada dia 27 de fevereiro ficou marcada por um incidente regimental, que envolveu o presidente da Câmara de Castelo Branco, Leopoldo Rodrigues, e o vereador do SEMPRE – Movimento Independente, Luís Correia.
No período de antes da ordem do dia, Leopoldo Rodrigues, ao responder a algumas questões sobre o Regadio a Sul da Gardunha, nomeadamente de Armando Ramalho, do SEMPRE – Movimente Independente, afirmou que “sou contra o Regadio a Sul da Gardunha, porque isso prejudica Castelo Branco e os Albicastrenses” e avançou que quanto a ouvir os Albicastrenses “já ouvi muita gente sobre o regadio e não encontrei ninguém que me tenha dito que estava de acordo com o Regadio, a não ser três vereadores do executivo municipal, quanto aos restantes sempre ouvi dizer que não estão de acordo com o Regadio”. Leopoldo Rodrigues, que no referente à discussão desta matéria, “volto a dizer, o mandato tem quatro anos e até final dos quatro anos teremos todas as discussões possíveis”.
Apesar de na sua intervenção Leopoldo Rodrigues não ter mencionado quem eram os três vereadores, na sessão percebeu-se que os visados eram os vereadores do SEMPRE – Movimento Independente. Aliás, Luís Correia, do SEMPRE, manifestou ao presidente da Assembleia municipal, Jorge Neves, a sua intenção em intervir. Assim, Jorge Neves informou que “o senhor vereador Luís Correia quer usar da palavra e só o pode fazer na defesa da honra”, para afirmar que “considero que não houve ofensa nenhuma”, mas, mesmo assim, “lanço a questão à Assembleia”, procurando saber, através de votação, quem era a favor e contra essa intervenção, Motivo que levou ao aquecer da, acabando mesmo por se proceder a uma interrupção da reunião.
Quando os trabalhos foram retomados, Jorge Neves esclareceu ainda que Leopoldo Rodrigues “não se opõe à intervenção.
Assim Luís Correia interveio, para destacar que “senhor presidente (Leopoldo Rodrigues), já não é a primeira vez que refere posições nossas (vereadores do SEMPRE), fazendo crer que estamos em defesa do Regadio, quando nós não tomamos posição em defesa do Regadio”. Tudo, para sublinhar que “defendemos que devíamos ter informação em relação a essa matéria”, uma vez que “só com informação é que podemos tomar posição”, para adiantar que “nunca tivemos resposta em relação a esse tema” e, assim, frisou que “não podemos ter posição, sem estudar o assunto como dever ser”.
“O mandato autárquico
foi uma mão cheia
de nada”
De resto, no período e antes da ordem do dia, foram muitas as perguntas feitas a Leopoldo Rodrigues.
Ernesto Candeias Martins, do MPT, quis saber o estado atual dos pavimentos e rede viária, focou-se também no trânsito em horas de ponta, assim como na situação do Bairro do Lirião.
Já Miguel Barroso, da coligação Partido Social Democrata/Centro Democrático Social – Partido Popular/Partido Popular Monárquico (PSD/CDS-PP/PPM) iniciou a sua intervenção com uma crítica, a afirmar que “o mandato autárquico foi uma mão cheia de nada” e avançou que “o melhor exemplo do fracasso é a Zona Histórica”, para mais à frente denunciar “o lançamento desenfreado de obras, com as eleições à vista”, aludindo “a um frenesim e propaganda, a tentar esconder um mandato fracassado”.
Pelo meio, Miguel Barroso centrou parte da sua intervenção do Tribunal Central Administrativo do Centro, para denunciar que “passados 15 meses, tanto quanto se sabe, ainda não existe projeto de reabilitação do imóvel, ou há de ter chegado há pouco tempo. O senhor presidente andou praticamente um ano e meio a dormir e, pior, veio, entretanto, remediar, e para não perder a face, sugerir, na Comunicação Social, a instalação provisório do Tribunal num edifício que, entretanto, ficou disponível, só para dizer que o Tribunal pode vir já. E pior, tentou ainda semear a ideia que a culpada era a senhora ministra e preocupou os Albicastrenses dizendo que a decisão até podia ser revertida. Ou seja, todos têm culpa menos o senhor presidente”
Por seu lado, António Fernandes, do SEMPRE, chamou a atenção para a importância de “uma reflexão da cidade que todos desejamos, de um centro que todos desejamos”, alertando para a necessidade da “reabilitação do centro da cidade”.
As críticas à Câmara foram também a nota dominante do presidente da Junta de Freguesia de Louriçal do Campo, eleito pelo SEMPRE, Pedro Serra, ao referir-se à “falta de resposta do executivo, à desigualdade de tratamento das freguesias”, denunciando “a disparidade de investimento entre freguesias, de acordo com a sua cor partidária, com Louriçal do Campo a ser permanente esquecido”. Pedro Serra, entre outros assuntos, não perdeu também a oportunidade de denunciar “o estado deplorável da estrada de Louriçal do Campo para a Soalheira, e a ligação à Estrada Nacional 18 (EN18)”.
“Parece que estão
assustados com as obras”
Nas intervenções dos deputados municipais, os elogios à ação da Câmara também estiveram presentes, por exemplo, com Christelle Domingos, do Partido Socialista (PS) a destacar “a dinâmica empresarial”.
Toada elogiosa que se manteve com Milena Santos, a presidente da Junta de Freguesia de Alcains eleita pelo PS, que enumerou a resolução de problemas, a realização de obras e de iniciativas na sua freguesia.
Na resposta às críticas feitas ao executivo camarário, Francisco Pombo Lopes, do PS, destacou “o problema de verem obra concretizada. Algo que afeta muita gente, que coloca um nervosismo tal que gera incapacidade de bom senso”. Tudo, para assegurar que “a obra está no terreno. Nós saímos à rua e vemos obra. A obra está a surgir e está a ser implementada no terreno”, não deixando de ter em consideração que uma “estratégia ambiciosa não se pode concretizar do dia para a noite”, dando como exemplo “a Zona Histórica, com a Igreja de Santa Maria do Castelo, a Escola de Chefes e a reabilitação de habitações”.
No seguimento desta intervenção, o presidente da Câmara, Leopoldo Rodrigues, dirigindo-se a Francisco Pombo Lopes, afirmou que “não podia concordar mais consigo, no que respeita a nervosismo. Parece que estão assustados com as obras”.
Nas resposta a Ernesto Candeias Martins, Leopoldo Martins concordou que “a rede viária de Castelo Branco há muito que carece de intervenção”, para adiantar que “a ligação entre a antiga Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) e a Autoestrada da Beira Interior (A23) foi intervencionada há dois anos, o mesmo acontecendo recente entre a Rotunda do Museu Francisco Tavares Proença Júnior e a Rotunda do Vale do Romeiro, entre a Rotunda da Europa e a Estrada Nacional 233 (EN233) está a decorrer, bem como na Rua de Santiago e na Rua dos Bombeiros Voluntários, já aconteceu na Rua Dadrá” e não esqueceu as requalificações no Bairro da Carapalha.
O autarca aproveitou igualmente para falar nas obras da Devesa, começando por destacar que “as floreiras são tão bonitas” e avançar que “em setembro de 2021 desabou o teto do Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco (CCCCB)” e explicou que tal aconteceu “devido à falta de manutenção, os tubos de descarga estavam entupidos, a água foi para o teto, onde se acumulou, e este desabou”. Isto para afirmar que a Devesa está a ser reabilitada.
Quanto à questão sobre o Bairro do Lirião, Leopoldo Rodrigues enumerou “duas grandes intervenções”, sendo que “uma foi a iluminação pública, enquanto agora está a ser pavimentada uma rua e se está a preparar a pavimentação de outra”.
Na resposta à intervenção de Miguel Barroso, Leopoldo Rodrigues frisou que “o senhor não tem experiência de cargos executivos, vem aqui com intervenções generalistas e simplistas, para concluir que “é essa a diferença entre aquilo que diz e o que estamos a fazer”.
Quanto ao Tribunal Central Administrativo do Centro, com Leopoldo Rodrigues fez questão de deixar claro que “fui eu que o trouxe para Castelo Branco” e revelou que, com o atual Governo, “já tive três reuniões marcadas com o secretário de Estado da Justiça, mas foram sempre adiadas”.
Já na resposta à intervenção de Pedro Serra, Leopoldo Rodrigues, no que respeita ao mau estado na rede viária, recordou “uma carta enviada à Câmara, em 2019”, para perguntar que “resposta teve” e “porque é que a estrada não foi intervencionada” e avançou que “a requalificação da estrada e a ligação à Soalheira só ainda não está a concurso”.
António Tavares