Edição nº 1885 - 5 de março de 2025

Valter Lemos
A TRAIÇÃO DE TRUMP

Há muito quem se pergunte se Donald Trump não será afinal um traidor. As dúvidas suscitadas pela sua atitude agressiva com os aliados e submissa face a Putin e à Rússia tem levantado muitas interrogações quer no mundo político, quer no mundo jornalístico e naturalmente a questão não passa despercebida a muitos cidadãos europeus. Até nos EUA, onde é impensável que o presidente possa ser um traidor aos interesses estratégicos americanos, já começam a levantar-se sérias dúvidas.
Sabe-se hoje que Trump foi, ainda no final do século XX, apoiado financeiramente por entidades russas e há mesmo quem afirme que foi a ação de bancos russos que terá evitado a sua falência e permitido a recuperação financeira das suas empresas. Sabe-se também que houve interferência russa nas eleições americanas em que Trump foi eleito e que os indivíduos que foram judicialmente acusados por esse ato foram por ele convenientemente perdoados.
Tais situações não provam objetivamente que Trump tenha um compromisso com entidades russa, mas levanta muitas dúvidas num contexto em que o mesmo mostra uma orientação política e um comportamento institucional que são manifestamente favoráveis aos interesses da Rússia e de Putin e hostis aos seus aliados, não só europeus, mas até mais próximos como o insuspeito Canadá.
O posicionamento na questão da Ucrânia é escandalosamente favorável aos interesses políticos e geoestratégicos expansionistas russos e escandalosamente desfavoráveis aos interesses simples de defesa territorial da Ucrânia. O que se passou na Casa Branca com Zelensky, além de ser um ato de pura má-educação e miséria moral, foi um ostensivo ato político de ataque humilhante à Ucrânia para que o mundo (e naturalmente Putin) visse!
Mas, para além da questão ucraniana, onde só mesmo fanáticos e parvos é que não veem a tentativa de forçar a submissão dos interesses europeus aos interesses russos, toda a política quer geoestratégica, quer económica, mostra uma óbvia orientação de condicionar a Europa e os outros aliados ocidentais dos EUA, em favor não só dos próprios EUA (o que até é, pelo menos, parcialmente compreensível) mas também da Rússia (o que já é totalmente incompreensível).
Mas até nas questões mais pessoais e menos globais, Trump parece querer sempre agradar a Putin. Confessou que não gosta que usem palavras ofensivas com Putin. Ora Trump é, sem dúvida o político que usa mais palavras ofensivas com os adversários políticos. Chama idiota, traidor e estúpido a Biden e fica ofendido quando chamam ditador a Putin? Num daqueles dísticos humorísticos que se colocam nas paredes poderia escrever-se “Isso só pode ser amor”!!
Afinal o que leva Trump a querer enfraquecer a Europa face à Rússia? Esta é pergunta de um milhão de dólares. Não são os interesses americanos. Há largas dezenas de anos que todos os presidentes e responsáveis políticos americanos sabem e agem no sentido de considerar a Rússia um adversário e a Europa um aliado. Porquê esta cataclísmica alteração? Porquê esta verdadeira traição à história e à política americana?
Há um velho ditado, creio que espanhol, que diz “eu não acredito em bruxas, mas que elas andam aí…”.
Que haja defensores de Trump, mesmo entre os europeus e portugueses, é possível. Que haja defensores de Putin, entre os europeus e também entre os portugueses também é possível. O que verdadeiramente é esclarecedor e perigoso é que sejam… os mesmos! E parece que cada vez são mais os mesmos…

05/03/2025
 

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