Edição nº 1667 - 2 de dezembro de 2020

BEIJA-ME COM OS BEIJOS DA TUA BOCA
Guilherme D’Oliveira Martins no fecho da exposição de Gonçalo Salvado

“Uma exposição fantástica”, assim se pronunciou Guilherme D’Oliveira Martins acerca da exposição Beija-me com os beijos da tua boca, mostra bibliográfica e iconográfica sobre o Cântico dos Cânticos, texto bíblico celebrado como o mais belo poema de amor da humanidade, que tem vindo a marcar indelevelmente a cultura portuguesa. A exposição, a primeira realizada em Portugal, foi constituída por mais de uma centena de obras pertencentes à vasta coleção privada do poeta Gonçalo Salvado sobre esta temática, grande influência da poesia deste autor. Nesta coleção privilegiaram-se as obras em língua portuguesa editadas em Portugal e no Brasil, algumas de grande raridade e inacessibilidade.
A mostra esteve patente na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa, de 1 outubro a 30 novembro, numa das principais salas daquela instituição, conhecida como Sala Museu, espaço que permitiu reconstituir a atmosfera e recriar o imaginário do célebre poema bíblico do amor, e onde, a par da exposição bibliográfica, houve uma vertente iconográfica reunindo algumas imagens emblemáticas que em Portugal lhe foram dedicadas na pintura, no desenho e na escultura, algumas pela primeira vez apresentadas no contexto deste tema.
De lembrar que no dia da inauguração, e apenas nessa ocasião, esteve em exposição, aberta nas páginas correspondentes ao Cântico dos Cânticos, a chamada Bíblia de Cervera, texto bíblico manuscrito e iluminado, em pergaminho, do Século XIII-XIV, que pertence ao acervo da Biblioteca Nacional destacando-se pela sua antiguidade e excelência, como a mais importante obra do género, existente em Portugal, e uma das mais valiosas do Mundo.
Guilherme D’Oliveira Martins, uma das figuras mais proeminentes da cultura em Portugal esteve no fecho da exposição, numa breve visita guiada privada organizada pelo seu comissário Gonçalo Salvado. Presente esteve também o diretor da Imprensa Nacional Casa da Moeda, Duarte Azinheira, tendo-se este pronunciado igualmente em termos muito elogiosos sobre a exposição. Acompanhou também a visita Maria João Fernandes coautora com Gonçalo Salvado de um importante livro a publicar, sobre o tema.
O curador acompanhou os visitantes a uma breve visita guiada à exposição, explicitando o conteúdo de cada uma das secções que exemplifica-ram, entre outras, a influência do Cântico dos Cânticos na literatura de inspiração religiosa, passando pelas diversas versões e traduções para a língua portuguesa, muitas delas elaboradas por poetas e a sua repercussão nas distintas linguagens da arte, incluindo a iconografia mais inesperada.
Guilherme D’Oliveira Martins foi igualmente comentando o conteúdo da exposição e recordando muitos factos sobre os autores e figuras ligados à cultura portuguesa, representados na mostra. Posteriormente e para terminar, teve também oportunidade de expressar pessoalmente o alto valor cultural da mostra à própria diretora da Biblioteca Nacional, Maria Inês Cordeiro, felicitando-a pela iniciativa histórica.
Esta exposição na Biblioteca Nacional de Portugal e incluindo alguns dos seus tesouros, evidenciou a extraordinária presença de Portugal nesse intemporal hino ao amor, documentada na mostra desde o Século XV, quer no plano das versões e traduções, quer na poesia, no teatro e no ensaio, até à atualidade.
Atendendo ao valor que este universal poema de amor representa para a cultura portuguesa, a exposição constituir-se-á, certamente, como uma das mais relevantes de 2020, em Portugal.
A publicação do catálogo da exposição encontra-se em fase de preparação e prevê-se para 2021 um ciclo de conferências sobre o Cântico dos Cânticos com o título Grava-me como um selo em teu coração – O Cântico dos Cânticos, Paradigma Universal da Cultura Portuguesa.
Termina a exposição e representando o futuro deste projeto, a maqueta do livro, uma coautoria de Gonçalo Salvado e Maria João Fernandes: A Chama Eterna, O Cântico dos Cânticos na Poesia e na Cultura de Língua Portuguesa, com texto introdutório de Agustina Bessa-Luís, uma obra/tese que o define verdadeiramente como o mais fecundo arquétipo do lirismo português, vocação essencial da nossa cultura. À obra proposta à Imprensa Nacional Casa da Moeda ligar-se-á uma grande exposição internacional de artes plásticas, projeto já apresentado à Fundação Calouste Gulbenkian, e durante a mostra, a Guilherme D’Oliveira Martins, administrador da FCG.

02/12/2020
 

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