Edição nº 1891 - 16 de abril de 2025

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

O CIMENTO DE UMA COMUNIDADE são os traços identitários, complexos e multifacetados que abrangem várias facetas da vida em comum, das relações de vizinhança e que reforçam os sentimentos de pertença. A aldeia rural, como as da nossa Beira (ainda), é o melhor exemplo de pequena comunidade, onde as famílias vivem em proximidade e compartilham recursos e valores.
São diversos os aspetos que moldam a cultura, os valores e as práticas compartilhadas por seus membros. É a historia comum ainda viva na memória dos mais velhos. São as tradições gastronómicas, os costumes, as celebrações festivas. A globalização já diluiu alguns traços como o vestuário, mas a gastronomia continua em grande parte a marcar a identidade comunitária.
O mote para esta crónica foi a minha anual degustação da gargula, as pétalas tenras da flor de marmeleiro. Da partilha da experiência nas redes sociais, resultou a constatação de que eram muito poucos os que, fora da minha aldeia, conheciam o pitéu (a palavra era completamente desconhecida), que até pode ser degustada em alguns restaurantes com estrela Michelin. Tão boa que na minha aldeia até se diz de uma coisa boa, ser tão boa como a gargula. Da conversa com o meu amigo Aquiles, fiquei com uma quase certeza de que o nome é (mais uma) corruptela da palavra, essa sim dicionarizada, galula, como um regionalismo, coisa apetitosa para se comer; pitéu…
Há pouco tempo, no Centro de Ciência Viva da Floresta, participei numa palestra sobre o valor económico da estêva (entre outras coisas, fiquei a saber que o oleo essencial da estêva é utilizado pelas maiores e mais caras marcas de perfumes). A propósito de as pétalas da flor, a papoila, da estêva serem comestíveis, falei das pétalas de marmeleiro que nenhuma dos participantes conhecia como comestível. E é esta diversidade de usos e costumes num mundo globalizado, a grande riqueza da nossa Beira.

A CELEBRAÇÃO DO DOMINGO DE RAMOS marca o início da Semana Santa e é um momento importante do calendário católico, que recorda o dia em que Jesus entra em Jerusalém, aclamado pelo povo com ramos e mantos. Em toda a Beira, se celebra com a bênção dos ramos que cada um leva à igreja. Os homens levam um simples ramo de oliveira; as mulheres aprimoram-se com um ramo que para além da oliveira inclui flores e outras plantas como o alecrim, o rosmaninho e o loureiro. Os ramos benzidos são considerados sagrados e guardados em casa. Lembro da minha mãe os guardar num quarto interior, o celeiro da casa, onde se recolhia em dia de trovoada. É crença de que os ramos protegem a casa dos raios e trovões. O ramo de oliveira que os crentes levam neste dia à igreja, simboliza a paz, a resolução de conflitos. E foi no Domingo de Ramos, à hora em que os ucranianos andavam na rua, em celebração do dia, que a Rússia de Putin perpetrou mais um crime de guerra com um ataque que provocou muita destruição, trinta e cinco mortos e muitas dezenas de feridos. Todos os países ocidentais de democracia liberal repudiaram com vigor a ação assassina. Todos não. Trump, sem pingo de compaixão, desculpou o ataque como sendo um engano...

16/04/2025
 

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