João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...
SOU UM FREQUENTE CIDADÃO pedestre em algumas zonas de Lisboa referenciadas muitas vezes como zonas onde a insegurança marca o quotidiano, principalmente o noturno, como Almirante Reis, Martim Moniz ou Bairro Alto. No entanto nunca me senti inseguro, Porque sou distraído e não dou conta dos sinais que podem fazer sugerir situações críticas? Porque tenho a sorte de não estar no lugar errado no momento errado? Mas não duvido das experiências negativas de algum dos meus leitores, seja por ter tido a desdita de o ter sentido na própria pele, seja por ter ouvido de alguém o que aconteceu a um vizinho do amigo do primo.
Se naquelas zonas de má fama da grande cidade tive a sorte de nunca ter sido confrontado com a violência e insegurança, muito menos a encontro na nossa cidade do Interior, nomeadamente a insegurança resultante da presença de imigrantes. E afirmo convictamente que é bom viver numa comunidade multicultural.
A multiculturalidade oferece uma vasta gama de vantagens, desde o enriquecimento pessoal e social à inovação e produtividade. Promove a compreensão, o respeito e a tolerância entre diferentes culturas, combatendo preconceitos e estereótipos, e deveria contribuir para a formação de cidadãos globalmente conscientes e empáticos, matéria onde a Escola tem papel fundamental. A exposição a diversas culturas amplia o conhecimento sobre o mundo, diferentes formas de viver, pensar e agir, promove a ciência, a tolerância, a empatia e o respeito. Enriquece as comunidades e numa sociedade envelhecida, como é o nosso caso, promove o rejuvenescimento, tão essencial em regiões de baixa densidade como é a nossa. Quem quiser ou puder sair da bolha digital, quem pense pela sua cabeça e não pela dos influencers, sabe que os portugueses são um bom exemplo de povo que ao longo de séculos beneficiou da mistura de culturas, em especial da cultura árabe (na língua, ciência, agricultura…). Isto é sabido por todos, desde os primeiros anos escolares e deve danar alguma gente que perora por aí, a proclamar o fim da nação com idiotas teorias da substituição.
A multiculturalidade pode trazer preocupações e perceção de insegurança a alguns cidadãos, pelas novas paisagens humanas a povoar as cidades e aldeias, mas julgo que ninguém se queixa da restauração plural, ao lado da boa cozinha tradicional portuguesa. A cozinha chinesa, africana, indiana, nepalesa, vietnamita, brasileira e muitas outras conquistam o indígena pela boca. Deite fora perceções medos e preconceitos e goze a diversidade.