18 Setembro 2013

Lopes Marcelo
V CENTENÁRIO DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA

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O mais antigo documento é uma carta do Rei D. Manuel ao Ouvidor do mestrado da Ordem de Cristo, expedida de Almeirim em 16-II-1514, para se informar dos bens das velhas confrarias locais de caridade, de S. Tiago, S. André e S. João e prover em benefício da embrionária confraria da Misericórdia.
O programa oficial aí está, tendo-se inciado com festiva pompa e circunstância na inauguração da estátua de Frei Bartolomeu da Costa na rotunda junto à Santa Casa. Venerável Frei Bartolomeu da Costa, originário de uma família muito rica de Castelo Branco, deixou por testamento de 1606 a sua grande fortuna para que na Misericórdia fosse criado um hospital de convalescentes. A verdade é que as receitas de tal património deram para o referido hospital e também para consolidar as débeis estruturas e serviços iniciais da própria Santa Casa.
Celebrar a memória dos benfeitores, dando testemunho das suas vidas e gestos de grande generosidade, é de grande importância para a históra da instituição e para informar as gerações actuais. Se a melhor forma é com uma grande estátua ao seu maior benfeitor, até pode ser aceitável desde que o seu custo não tenha sido suportado pela Santa Casa. É que, nos últimos anos, fruto de campanhas de recolha de donativos em que práticamente todos os irmãos e muitas entidades participaram generosamente, a Santa Casa aplicou os fundos que tinha e não tinha (recorrendo também a emprestimos bancários) para contruir e equipar uma grande unidade de cuidados intensivos- hospital de rectaguarda, no âmbito de um projecto com a Segurança Social. O Governo não cumpriu ainda a a sua parte e a referida unidade, concluída e equipada, está fechada há longos meses (só os juros já terão ultrapassado largas dezenas de milhar de Euros e continuam a vencer-se todos os meses, até quando?). Quem participou generosamente com o seu donativo, tem o direito a indignar-se com a actual situação que, para além da gravidade financeira (até quando a gestão da Santa Casa aguenta o equilibrio e sustentabilidade das verbas sem afectar a qualidade das prestações do dia a dia?), é social e humanamente injusta pois que é premente e efectiva a necessidade da referida unidade de cuidados continuados. É, assim, num ambiente de crise geral e de progressivas dificuldades internas que o programa da comemoração arrancou e, como diz o nosso povo «quem quer festa sua - lhe a testa», o que representa um sincero e austero desafio à digna Mesa Administrativa.
Voltando à importância da informação para a história da Santa Casa e para a nossa memória colectiva, manifesta-se estranheza pelo facto de no Programa das Comemorações não constar a publicação em livro do estudo sobre a história da Santa Casa da Misericórdia que, de forma generosa, empenhada e solidária, o Dr João Ribeiro anda a pesquisar há vários anos. Quero acreditar que ao longo de 2014 tal publicação será assumida, até porque mais rica em informação e divulgação histórica, o seu custo não ultrapassará certamente o equivalente a um metro do «canudo» que suporta a estátua do Venerável Frei Bartolomeu da Costa.
De facto, a Monografia intitulada «A MISERICÓRDIA DE CASTELO BRANCO (Apontamentos Históricos)» da autoria do ilustre médico Dr Hermano Castro e Silva publicada em 1891, mesmo com a segunda edição completada com notas do Dr josé Lopes Dias e publicada em 1958, não esgota a temática em causa.
Deixo a terminar mais uma sugestão. Não valerá a pena colocar junto á base da estátua uma pequena placa com informação sobre a vida e obra do homenageado? Para além de se defender e divulgar a verdade histórica, evitar-se-ão falsas interpretações que não são desejáveis.

18/09/2013
 

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