Os candidatos da Coligação Democrática Unitária (CDU) à Câmara e à Assembleia Municipal de Castelo Branco, João Pedro Delgado e Ana Maria Leitão, respetivamente, vieram a público sexta-feira denunciar que “as piores previsões vão-se concretizando: o Governo pretende privatizar as Águas de Portugal, entregando investimentos públi- cos de elevado valor ao capital privado, fora do escrutínio público e à mercê da ambição de lucros”. Com este tema como pano de fundo, João Pedro Delgado recorda que no respeitante “à concessão da distribuição de águas em alta para a Águas do Centro, empresa do grupo Águas de Portugal, a CDU votou contra na Assembleia Municipal de Castelo Branco”.
Tudo para adiantar que a CDU receia que “a privatização da água em alta venha abrir caminho à privatização da distribuição local de águas”, bem como “a entrega dos serviços municipalizados aos privados e a uma gestão cujo objetivo primordial passe o ser o lucro e não o serviço público generalizado e de qualidade”.
Uma situação que trará “inúmeros problemas às populações”, dando como exemplos “o aumento do preço da água, a falta de acesso universal a um bem essencial à vida, deterioração da rede de infraestruturas, suspensão e abandono de projetos de crescimento e melhorias das redes”.
Para provar isso, João Pedro Delgado dá exemplos no Distrito de Castelo Branco, como “a Covilhã, que vendeu 49 por cento do capital da empresa Águas da Covilhã à Somague e privatizou o saneamento ao mesmo grupo”, sendo que “as consequências estão à vista” e a Covilhã “tem a água mais cara do Distrito e uma das mais caras do País”.
Isto, a exemplo do que aconteceu no Fundão, que “privatizou os serviços de água para a multinacional espanhola Aqualia”, o que João Pedro Delgado realça que também teve reflexos no valor a pagar. Em ambos os casos, o candidato da CDU baseia-se em dados da Entidade Reguladora dos Serviços de Água (ERSAR) (ver quadro).

Câmara criticada
João Pedro Delgado denuncia ainda que no respeitante a Castelo Branco “o atual executivo PS tem culpas na raiz de todo o processo, já que contra o voto e alertas da CDU e contra a justa luta das populações permitiu que as águas em alta no Concelho passassem para a gestão do grupo Águas de Portugal”.
O candidato da CDU acrescenta que “o projeto de privatização que o Governo quer impor, para o qual o executivo autárquico do PS de Castelo Branco abriu caminho, vai ainda ter impactos diretos na gestão e tratamento de resíduos”.
Tudo, porque, explica, “a Águas de Portugal é detentora de 51 por cento da Valnor, facto que irá deixar a gestão de resíduos de Castelo Branco nas mãos de privados, ainda que a Câmara detenha uma pequena quota da empresa”.
Por tudo isto, João Pedro Delgado afirma esperar que “o atual executivo autárquico saiba assumir as suas responsabilidades” e defende que “deverá assumir uma posição firme, não permitindo que os serviços de águas e resíduos passem a estar nas mãos de alguns investidores de capital, de outro ponto do País ou do Mundo”.

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