Celeste Capelo
Democracia “The Economist”
O Jornal inglês “The Economist” dedicou há pouco tempo várias páginas neste conceituado órgão de comunicação social inglês, e publicou um ensaio sobre as ameaças à democracia, cujo título era: “What’s gone wrong with democracy, and how to revive it” . Traduzindo para português seria este o título “O que está errado na democracia, e como reanimá-la”. Basicamente reflectia sobre o sistema político democrático e resumidamente dizia:
- A democracia foi a ideia política com mais sucesso no século XX, mas enfrenta sérias ameaças neste início do século XXI. Algumas dessas ameaças são externas, e, aqui refere o chamado modelo chinês como sendo o principal desafio externo. O artigo é extenso e, o meu reduzido inglês não me permite fazer grandes leituras nesta língua. Valho-me da possibilidade de tradução que as novas tecnologias oferecem, sendo que, nem sempre são fiáveis, mas neste caso servem para nos apercebermos globalmente do seu conteúdo.
Vem isto a propósito da manifestação das forças de segurança que ocorreu na passada 5ª feira, dia 6 de Março. Estive dividida na valorização que fiz deste acto democrático, antes e após a chegada da manifestação ao largo da Assembleia da República. Até lá concordo, e até apoio esta forma de luta pelos direitos destes cidadãos. Basta lembrar-me dos riscos que correm os agentes de segurança:
· a penalização que sofrem quando no exercício das suas funções de protecção às populações, têm de usar uma arma de fogo e, por azar, esse acto teve consequências menos felizes;
· quando prendem um delinquente e passadas poucas horas o Senhor Dr. Juiz manda libertar aquele que foi preso;
· o vencimento que auferem e as condições de trabalho que em nada dignificam a sua função.
Tudo isto esteve na minha mente, quando se iniciou a manifestação.
Ao chegarem junto da Assembleia da República e após cantarem o Hino Nacional, que entendi ser uma senha para iniciar o que se viu depois. Aqui começou a minha desvalorização. Não posso entender que, sendo proibida a subida da escadaria, os manifestantes pretendessem infringir esta norma, nem como poderão num futuro próximo exigir o cumprimento da lei, nesta e noutras circunstâncias.
O facto de terem obrigado os seus colegas, que estavam a cumprir a missão de protecção ? hoje uns, amanhã outros ? a intervir contra os manifestantes seus colegas, produziu em mim sentimentos de desconfiança, de medo, de dúvida, de receio, de suspeição e até um sentimento de rejeição da própria democracia.
Por isso me lembrei de reler o “The Economist”.