21 maio 2014

Lopes Marcelo
Champanhe bem amargo!

Que Europa? Os princípios e os valores fundamentais da então Comunidade Europeia, foram referidos em anteriores abordagens. Agora, em plena campanha eleitoral, surgem mais factos e preocupações.
Mais uma vez a discussão anda à volta de números: as taxas de juro, o valor da dívida, o valor do deficite, o valor dos cortes, a subida de impostos, o salário mínimo, o desemprego, o investimento... Mas os números não são neutros! Os números só existem porque há pessoas! Os números envolvem sempre interesses diferentes e contraditórios implicando que haja pessoas que perdem e outra que ganham! Vejamos um exemplo. O imposto IVA atinge sobretudo quem, por ganhar menos tem que gastar práticamente todo o seu rendimento no dia-a-dia (ainda mais com a anunciada subida). Na hipotética descida do IRS, serão mais beneficiados quem mais paga por ser quem mais ganha, como já aconteceu com a descida do IRC que beneficiou sobretudo as maiores empresas. Um outro número socialmente muito questionável é o que corresponde á reserva financeira que se aproxima dos vinte mil milhões de euros! É verdade, o Governo entendeu constituir uma almofada de protecção para os mercados e os credores, acumulando e pondo de lado tal valor enorme que tanta falta faz na economia concreta e nos bolsos dos portugueses. Isto é, o Governo paga tarde e às más horas o que que adquire e adjudica (nos Ministérios, nos hospitais, às empresas...), mas põe de lado milhares de milhões de euros. E, mais grave, tal reserva provém dos empréstimos de que estamos a pagar os correspondentes juros, para conforto financeiro dos nossos credores! Isto para durar por muitos e muitos anos para além da presença física da TRÓICA!
De facto a Tróica vai por cá continuar pois ela já está na cabeça e no coração da elite política governante, que militantemente a ultrapassou, e favorece a carteira da nata empresarial cada vez mais rica. As contradições são visíveis, mas a maquilhagem é diária. Em certos dias, dizem-nos que os números das finanças e da grande economia estão muito melhores, que ganhámos a confiança dos mercados e dos credores, que o investimento vem aí e enfiam a máscara da festa do que classificam fim do resgate! (isto à segunda-feira, à quarta e à sexta), para logo com a máscara fria da auto-proclamada seriedade e competência tecnocrática nos dizerem que a austeridade tem que continuar, que é preciso transformar em permanentes os cortes decididos como provisórios, aumentarem-se os impostos, as taxas... (isto à terça-feira, à quinta, ao sábado e ao domingo)!
Com o país nesta situação, com a grande maioria das pessoas esmagadas por números que as prejudicam, seria de esperar que a campanha eleitoral fosse sóbria. Mas não! A mácara da festa pelo dito fim do resgate levou, os cabeças da lista de candidatos da Aliança do Governo a abrirem garrafas de champanhe e a beberem-nas em público, em pretensa celebração colectiva. Lá que fizessem estalar o champanhe nos salões do seu poder, nas suas casas, nas suas empresas, enfim lá terão certamente as suas razões para isso. Mas, em público?
Só alguns exemplos. Que garrafas de champanhe poderão beber as famílias da grande maioria das crianças com carências especiais que viram os apoios serem-lhes cortados? Que garrafa de champanhe poderá ser aberta na nossa Santa Casa da Misericórdia, que há mais de um ano espera pelo apoio do governo para abrir a uinidade de apoio continuado e paga todos os meses juros pela obra acabada mas fechada? Champanhe bem amargo!

21/05/2014
 

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