João Belém
Portugal e o mar
A educação ambiental pretende promover o conhecimento responsável e reflexivo por parte da cidadania das consequências que determinadas atividades e comportamentos têm sobre o meio.
Partindo de um conhecimento científico sobre o próprio meio e o significado dos impactos das nossas intervenções, trata-se de promover contextos de reflexão e resolução de problemas autênticos. No campo educativo, estes contextos de reflexão e resolução de problemas enquadram-se num entendimento das aulas como espaços sociais nos quais se devem desenvolver atividades que liguem os estudantes aos problemas ambientais.
Neste contexto a investigação e as ciências do mar são essenciais à proteção ambiental do oceano e tornam-se igualmente indispensáveis à exploração económica e ao seu uso para fins de segurança e de defesa.
Hoje, tal como no passado histórico, não pode haver investigação científica nem desenvolvimento das economias baseadas no ambiente marinho sem liberdade do uso do mar.
Hoje, o Mar-Oceano assume nova importância vital para cada País ao oferecer-lhe a marca de identidade que o distingue numa região e num mundo em homogeneização e ao proporcionar-lhe recursos económicos inesgotáveis.
O Mar foi, é e será generoso para os Portugueses, mas exige deles uma contrapartida importante: ser protegido contra novas e velhas ameaças, provenientes quer de prevaricadores compulsivos, quer de cidadãos ignorantes do ambiente.
Foi nessa linha de rumo que o Mar da nossa geografia ligou o passado de Portugal ao seu presente e vai, se nós quisermos, ser a ponte oceânica para um futuro de boa esperança.
No âmbito da Proposta de Limite da Plataforma Continental apresentada nas Nações Unidas em 2009, no quadro da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, foi criado um mapa com o objetivo de divulgar a nova dimensão do território português ao público escolar.
O novo mapa “Portugal é Mar”, fruto da parceria entre a Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental e o Oceanário de Lisboa, em articulação com a ANQEP, DGE, DGEstE e DGPM, está a ser distribuído e afixado em todas as escolas do país com o apoio do Ministério da Educação e Ciência.
São objetivos desta iniciativa:
1. Promover a afixação do mapa no maior número de salas e escolas possível, o que vai garantir o sucesso do projeto;
2. Despertar junto dos públicos-alvo a importância que o mar tem para o país e para os portugueses;
3. Contribuir para uma nova consciência sobre a dimensão de Portugal e do seu território (Portugal tem 40 vezes mais mar do que terra - 97% do território é mar).
A parcela do território português, no canto sudoeste da Europa, é bem, como dizia Orlando Ribeiro, “mediterrânea por natureza, atlântica por posição”. Mas o País não se confina a estes escassos 89 000km2: prolonga-se por cerca de 1 100 milhas para ocidente e um total de mais de 3 000km2, diferentemente repartidos pelas nove ilhas açorianas e pelas duas principais madeirenses , o que confere toda a legitimidade à expressão de Adriano Moreira ao falar da “maritimidade e continentalidade” de Portugal.