João Belém
Stress nas férias?
A maior parte das pessoas espera ansiosamente o momento em que o stress não vai fazer parte do seu dia a dia e que o cansaço fique à porta – é finalmente, o aguardado momento das férias.
Mas será que nesta altura tão esperada não haverá mesmo espaço para stress? Ora vejamos:
Assim que chega o calor apercebemo-nos que se aproxima a altura tão esperada do “não-fazer-nada” e da necessidade urgente de recarregar a nossa bateria de energias.
E enquanto chega-e-não-chega a data esperada, a vontade de trabalhar diminui e ficamos, normalmente, menos produtivos. A nossa cabeça viaja pelos planos feitos para os dias tanto esperados, a nossa concentração foca-se no que é necessário levar para nada faltar e nos detalhes mais ínfimos que acreditamos farão que tudo corra pelo melhor.
Ora ao reduzir a produtividade, aumenta o stress:
- “e não consegui acabar isto a tempo!, e o que se passa comigo?, estarei a ficar cansado?, preciso mesmo de férias!”.
Eis que chega o dia e está tudo pronto para este momento tão desejado!
Mal iniciamos as nossas férias, o choque! A adaptação a um novo ritmo de sono, a um diferente estilo de alimentação, à convivência com aqueles que apenas víamos no início e no fim do dia, ao dia completo de dolce far niente… Quando parece que nos estamos a habituar, chega o momento de regressarmos ao trabalho! Ao regressar ao trabalho, regressa também o despertador que toca sem parar, o trânsito que parece ainda estar mais caótico que antes (pois a mente habituou-se a paz e sossego), o stress que quisemos retirar do dia a dia mas que, após reflexão, percebemos que permaneceu.
Novamente, o choque! E surge a necessidade de readaptação ao ritmo de sono, de alimentação, dos mails por responder, dos telefones que não param de tocar…
Mas, apesar desta reflexão, devemos constatar que todos nós precisamos de férias e todos as queremos gozar. Assim devemos tentar diminuir os fatores que podem desencadear o stress aproveitando este momento de pausa como um espaço ideal para mudanças pois permite o distanciamento crítico e a possibilidade de olharmos as coisas sob outras perspetivas.
Aproveitemos esta oportunidade e assim que regressarmos ao trabalho, não nos devemos deixar tentar pela pressão de recuperar o tempo perdido…
Lembremo-nos que “devagar se vai ao longe” e que não vai ser por trabalhar o triplo na primeira semana, na expectativa de que tudo se resolva, que vamos ter sucesso.
Valorizemos a importância do momento que vivemos aproveitando para criar outras oportunidades de lazer (como atividades ao ar livre, ao fim de semana) e não nos esqueçamos que, independentemente de tudo, para o ano há mais!