Carlos Semedo
Conservatório Regional de Castelo Branco
No início de Outubro realizou-se o primeiro concerto comemorativo dos 40 anos do Conservatório Regional de Castelo Branco. Devo quase tudo o que sou hoje ao Conservatório. Parece exagerado, mas não é. Foi o Conservatório que me permitiu ter acesso a uma formação que me ficou para a vida. A Dª. Maria do Carmo não ensinava só música, ela era/é exemplar na entrega e na procura da melhoria em todos os detalhes. Foi também o Conservatório que me deu a conhecer tantas pessoas fantásticas. Nomeio apenas algumas e peço a todas as outras que não levem a mal. Há uma hierarquia que neste momento da minha vida é muito clara, mas que não menoriza os outros, que não esqueci. Christopher Bochmann, António Oliveira e Silva, Luísa Vasconcelos, Irene Melo, Helena Pina Manique, Manuel Teixeira, António Saiote, Carlos Alves, Paulo Jorge Ferreira, Cristina Lima, Manuel Ramos Domingues António, Eduardo Vaz Palma, Alexandre Branco Weffort, são alguns dos que mais me influenciaram. Devo ao Conservatório o ter conhecido aquela que é a minha esposa, desde há 25 anos. Foi o Conservatório que me permitiu ter experiências como a do Crescer com a Música, do Festival Internacional de Música de Castelo Branco e foi pelo seu bom nome e imagem, que me convidaram para trabalhar no início da Escola Profissional de Mirandela. A visibilidade do meu trabalho, chamou a atenção do Luís Pio, que me apresentou Maria João Pires, que acabaria por me convidar para trabalhar no projecto de Belgais. Devo ao Conservatório a enorme aprendizagem que foi estar 3 anos na Direcção da escola, estimulando profundas alterações, em vários níveis. Devo tanto ao Conservatório, que não concebo a minha ligação a Castelo Branco, sem aquela história tão bonita e emocionante que mudou a face da aprendizagem musical na região. A partir do Conservatório surgiram escolas como a Profissional da Covilhã, a Academia do Fundão, o Conservatório de Portalegre e hoje uma escola como a ESART é dirigida por um professor formado no Conservatório. Foi o Conservatório que me ofereceu a possibilidade de olhar hoje para alguns ex-alunos e descobrir que se transformaram em excepcionais músicos, o que demonstra que, pelo menos, não destruí a sua vocação. São o caso, por exemplo, do Horácio Pio, do Miguel Carvalhinho e da Carisa Marcelino,
Devo quase tudo ao Conservatório e, já perceberam, não é uma hipérbole.
Parabéns pelos 40 anos e boa sorte nos desafios cada vez mais complexos. A História é muito digna e o Futuro tem de estar à altura.
Do meu tempo, ficam também as memórias do pessoal não docente. Tive de trabalhar de forma muito próxima e exigente com elas e é para essa gente que raramente tem o palco, que vai o meu abraço. Gostei muito de trabalhar convosco, Sr. Nunes, Dª Milu, Clara, Beatriz, Helena Vilela, Dª. Maria, Jorge, Dª. Eugénia, Dª Ana.
Aquela casa, hoje cor de rosa, confunde-se com a minha história e quando me revi a tocar em trio com o Jorge Pires e o Pedro Rufino, pensei que embora o aberto que é a vida me tenha afastado do ensino, ainda hoje sou o “professor” para muitas/os. E acho que isso é muito bonito.