11 março de 2015

Antonieta Garcia
Creio no riso…

Rir é próprio do Homem, disse Aristóteles. Aceitamos. E, todavia, alguns gatos são capazes de expressões que se assemelham a diversos tipos de riso e os lagartos sorriem sempre. Será mesmo assim, ou galhofam connosco?
Fiquemo-nos com os autores que afiançam que rir aponta para uma rutura entre o ser humano e o animal. Ligado estruturalmente à alegria, ao prazer, pode testemunhar outras orientações: ser agressivo, violento, perverso, diabólico… e pior ainda. Um riso, seja ele amarelo, deslavado, trocista, sardónico, hipócrita, tolo, sarcástico, soberbo, despudorado ou burlesco… tem muito que se lhe diga.
Ensinam os clássicos que são as coisas desprezíveis, o excesso, a desordem, a obscenidade… que desencadeiam o riso. A comédia, tendo como personagens criaturas somenos, situava-se uns graus abaixo da tragédia, texto de heróis. Atualmente defende-se que fazer rir é difícil, não é para todos...
Como sanção social, o ridículo é tão velhinho quanto a humanidade – A rir se castigam os costumes. Para controlar as inconveniências, as inadaptações, os despropósitos, o riso era/é arma eficaz.
É proverbial, porém, o provérbio que dogmatiza que “muito riso, pouco siso”. Pecado contra as normas, era necessário reprimi-lo, suprimi-lo, a bem da saúde moral. Conceito medieval, está bem de ver, mas que se afivelou à cabecinha de muitos viventes e por cá peregrina. Já Espinosa considerava o riso benéfico. Sobre o seu valor terapêutico pronunciou-se Kant. Tinha razão. Mal sabia a importância que o século XXI iria conferir à risoterapia relaxante, modernaça...
Valham-nos as opiniões de gente douta!
Ah! Também rimos em tom diferente se sentimos alegria, se estamos perante algo inesperado, desmesurado, ou face a uma incongruência, a uma surpresa.
Quem ri usa vogais privilegiadas. Da gargalhada aberta, de plena alegria, em “A”, à zombaria ora em “E” ora em “I”, dependente do grau da troça que merece a situação, ao riso em “O” desencadeado por uma qualquer surpresa, a melodia varia de intensidade, tonalidade e expressão.
Acresce que terapeutas do riso asseguram: O riso com “a” beneficia os sistemas digestivo e genital; com “e” favorece a função hepática e da vesícula biliar; com “i” estimula a circulação; com “o” age sobre o sistema nervoso central; com “u” tem efeitos sobre a função respiratória e a capacidade pulmonar.
Certo é que nem todos rimos das mesmas coisas, nem sempre são divertidas, para quem ouve, as narrativas em que a palavra à solta atinge ingénuos e sabidos. Produto cultural, cada um ri do que sabe, reconhece e compreende. Só rimos do que dominamos. Uma oferta de gravata ao primeiro-ministro grego estimulará o riso, se for conhecido o comportamento de Tsipras relativamente ao costumeiro acessório masculino.
Rir faz bem. Gracejemos, pois, a propósito do contexto político português, com Eça de Queirós atualíssimo, que lamentava: O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não existe nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Já se não crê na honestidade dos homens públicos (...). O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. (Uma Campanha Alegre).
Pois é. A Campanha eleitoral assim se mantém, com ligeiríssimas diferenças. Ouvir as desculpas, a condescendência por si próprios, os esquecimentos, as fugas em dó maior a explicar direitinho comportamentos e atitudes… deixa-nos gregos para entender o que se passa, ou… talvez, entendamos demais.
Agora mesmo assomou aqui, ao texto, o bom e bem-disposto, Zé Povinho. Segredou-me: “por cá andamos a olhar para um lado e para o outro e... tudo fica como sempre... na mesma”!
É quase como dizes. Sabes, o governo português tem-se acomodado muito ao papel de bom aluno, venerador, devedor e, por isso, obrigado a obedecer e calar. Contenta-se com tão pouco…

11/03/2015
 

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