DEPOIS DE TEREM SIDO OUVIDOS EM INTERROGATÓRIO JUDICIAL NO TRIBUNAL
Bombeiros do Fundão ficam em liberdade
Os 11 bombeiros voluntários da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários do Fundão que foram detidos dia 25 de novembro, pela Polícia Judiciária (PJ), através do Departamento de Investigação Criminal da Guarda, pela forte suspeita de terem praticado, em duas ocasiões distintas, dentro do quartel do Fundão e da Soalheira, dois crimes de violação e um de coação sexual, depois de serem ouvidos em tribunal, em primeiro interrogatório judicial, saíram em liberdade, mas proibidos de contactar a vítima, sendo que três desses bombeiros estão obrigados a apresentações periódicas semanais no posto territorial da Guarda nacional Republicana (GNR) da sua área de residência.
Recorde-se que tal como a Judiciária avançou aquando das detenções “foi vítima um outro bombeiro, com 19 anos, o qual foi sujeito a atos sexuais violentos, numa duvidosa praxe, pois seria, os seus dois primeiros serviços”.
Entretanto, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Fundão adianta, em comunicado, que “na sequência dos factos alegadamente ocorridos no dia 6 de setembro que envolveram bombeiros do Fundão, foi apresentada uma queixa formal ao Comando, no dia 16 de setembro, na qual foram identificados um conjunto de oito bombeiros”, sendo que como “resultado dessa queixa foi determinado, em 17 de setembro, a abertura de um processo disciplinar interno”.
É também referido que, “posteriormente, e no âmbito das diligências em curso, começaram a ser ouvidos os envolvidos e iniciadas outras diligências para apuramento dos factos”, para ser realçado que “após termos comunicado à Polícia Judiciária (PJ) a intenção de avançar, de forma célere, com medidas disciplinares de caráter preventivo e definitivo, a própria PJ solicitou, no dia 3 de novembro, a suspensão do procedimento disciplinar instaurado pelo Comandante, de modo a garantir a não interferência com a investigação criminal então em curso”, sendo explicado que “o pedido, apenas por esse motivo, foi acolhido”.
No comunicado pode ler-se que, “contudo, os desenvolvimentos verificados no dia de ontem (25 de novembro), que tornaram pública a investigação, fizeram cessar o fundamento que justificava a suspensão anteriormente solicitada pela Polícia Judiciária”, pelo que “o processo disciplinar interno foi retomado e que, por proposta do titular do inquérito disciplinar e por despacho do Comandante, foi determinada a suspensão preventiva, com efeitos imediatos, e pelo período máximo legal de 90 dias, dos bombeiros identificados na queixa apresentada pelo queixoso”.
É igualmente adiantado que “paralelamente ao processo disciplinar, se encontra igualmente em curso o respetivo processo disciplinar laboral dos bombeiros profissionais, no âmbito do qual serão oportunamente notificadas as notas de culpa e comunicada a eventual intenção de despedimento”.
A Associação sublinha ainda que esta e o Comando “reafirmam que atuarão com total rigor, imparcialidade e firmeza, garantindo o apuramento integral da verdade e assegurando que todas as consequências disciplinares, laborais e institucionais serão aplicadas de forma justa, proporcional e adequada à gravidade dos factos”.
Mais tarde, o comandante da corporação, José Souza, apresentou a demissão realçando que “enquanto comandante, sou o primeiro e o último responsável por tudo o que acontece no Corpo de Bombeiros e nunca me exonerarei dessa responsabilidade”, acrescentando que “faço-o com tristeza, mas também com a consciência tranquila de quem tudo fez para defender a honra da instituição e o bem-estar de quem dela depende”.
Desde então o comando da corporação é assumido interinamente pelo segundo comandante, Pedro Caldinho.