LOUSA
Danças Tradicionais são património cultural imaterial
As Danças Tradicionais da Lousa, Concelho de Castelo Branco, acabam de ser inscritas no Inventário Nacional do Património Cultural e Imate-rial, na sequência de uma decisão da Direção-Geral do Património Cultural.
Um passo considerado importante pelo presidente da Câmara de Castelo Branco, Luís Correia, porque “vem valorizar muito o nosso património ima-terial”, ao mesmo tempo que representa o “reconhecimento do valor e do património das Danças Tradicionais da Lousa”.
Luís Correia, por isso, não perde a oportunidade de “dar os parabéns à Associação Cultural e Etnográfica da Lousa (Lousarte), que fez todo o trabalho administrativo”, reforçando que “este é um passo importante para a valorização do património imaterial que temos no Concelho”.
O autarca realçou ainda que, agora, é igualmente relevante colocar as Danças Tradicionais da Lousa “ao serviço do nosso Turismo, dos visitantes”.
As afirmações foram proferidas segunda-feira, no decorrer de uma sessão realizada no salão nobre da Câmara de Castelo Branco, na qual o presidente da União de Freguesias de Escalos de Cima e Lousa, José Santos Lourenço, recordou que este “foi um processo moroso, iniciado pelo anterior executivo da Junta de Freguesia da Lousa e que depois da reorganização administrativa foi herdado pela União de Freguesias de Escalos de Cima e Lousa”.
José Santos Lourenço revelou também a sua satisfação pelo facto das Danças Tradicionais da Lousa passarem a integrar o Inventário Nacional do Património Cultural e Imate-rial, uma vez que esta “é uma das melhores maneiras que temos para divulgar o património existente”.
Por seu lado, o presidente da Lousarte, Teles Chaves, realçou que este passo representa “a consolidação de uma aspiração de há muito tempo” de uma tradição com “séculos de existência e que tem contado com o empenho de muitos lousenses”.
Teles Chaves destacou o facto das Danças Tradicionais da Lousa “serem o terceiro bem no Inventário Nacional do Património Cultural e Imaterial, a nível nacional”, para explicar que, afinal, “estamos a falar de três tipos de danças, que são a Dança das Virgens, que é a mais conhecida, a Dança dos Homens e a Dança das Tesouras”.
O presidente da Lousarte também explicou que as Danças Tradicionais da Lousa estão associadas à festa em honra da Nossa Senhora dos Altos Céus, que decorrem no terceiro domingo de maio.
Assim, duas das danças, a das Virgens e a dos Homens são executadas no domingo, a seguir à procissão, enquanto a Dança das Tesouras é apresentada na segunda-feira”.
Por outro lado, destacou que às Danças Tradicionais da Lousa “está agregado outro património”, referindo-se às imagens de Nossa Senhora dos Altos Céus, “uma delas pensa- mos que do Século XIV e outra do Século XIX, bem como a Igreja Matriz da Lousa”.
Teles Chaves afirmou que o facto das Danças Tradicionais da Lousa integrarem o Inventário Nacional do Património Cultural e Imaterial conduz a uma “responsabilidade acres- cida”, não deixando de se referir “às dificuldades”.
Nesta matéria, o maior problema tem a ver com a Dança das Virgens, uma vez que as executantes “entram com 11 ou 12 anos, mas aos 16 ou 17 anos saem, pelo que é preciso renová-las e é aí que surge a dificuldade, porque a deserti-ficação é uma realidade, dificultando o processo de arranjar pessoas para manter isto a funcionar”.
A fundamentação
da classificação
A classificação assinada pelo diretor-geral do Património Cultural, Nuno Vassallo e Silva, numa portaria publicada em Diário da República, dia 7 deste mês, deve-se “à importância de que se reveste esta manifestação do património cultural imaterial enquanto reflexo da identidade da comunidade da Lousa (Município de Castelo Branco) em que esta tradição se pratica” e pela “importância de que se reveste esta manifestação do património cultural imaterial pela sua profundidade histórica, dimensão festiva e ritual, assim como pela sua ancoragem social na respetiva comunidade, segundo o Diário da República.
A classificação desta tradição foi proposta ao Governo em julho de 2014, pela União das Freguesias de Escalos de Cima e Lousa que considerou «encontrar-se cabalmente fundamentada a relevância» das Danças Tradicionais da Lousa integradas na sequência festiva e cerimonial das festas em honra a Nossa Senhora dos Altos Céus, de acordo com um conjunto de critérios genéricos descritos na fundamentação.
António Tavares/Carlos Castela