15 abril 2015

Lopes Marcelo
Chão ou Território?

Na senda da recente realização na nossa cidade do II Congresso Internacional de Arqueologia, convido o leitor a refectir sobre o essencial desta perspectiva histórica e científica.
Em primeiro lugar, o Dicionário diz-nos que abrange o estudo das coisas antigas o que em princípio não é muito atractivo. Por outro lado, quando olhamos o horizonte, à primeira vista vemos terrenos mais ou menos acidentados, chão mais ou menos produtivo, afloramentos rochosos ou cursos de água e floresta. Ainda assim, continua pouco atractivo. Mas, se atendermos a algumas questões essenciais, vale apenas interrogarmo-nos:
- quem eram os povos que nos antecederam?
- como eram, onde se instalaram e como viviam?
- como organizavam o seu espaço e modo de residência?
- como foram sendo aproveitados os recursos naturais e a sua evolução?
- quais as marcas votivas do simbólico e do religioso?
- como se organizava a vida e se ritualizava a morte?
- como e porquê desapareceram tantas comunidades originárias?
- quais as raízes fundamentais e fundacionais das nossas comunidades modernas, aldeias, vilas e cidades?
- que vestígios têm sido encontrados no território, como têm sido estudados, conservados e divulgados?
- qual o papel e função dos museus e dos centros de interpretação na identificação e celebração da história; no estudo dos materiais; na descrição didática das técnicas e preservação dos saber-fazer (tecnologias) inventivas que permitiram a evolução verificada até aos nossos dias?
Fica, assim, mais evidente a relevância da investigação em torno da arqueologia e que mais do que chão físico, com a sedimentação dos saberes de vários povos  se originou o território humanizado com as marcas da viagem cultural de sucessivas gerações. Estudar e preservar tais vestígios em que se enraíza a nossa memória é fundamental em termos da nossa auto-estima e coerência da nossa Identidade cultural.
Aqui chegados, melhor se poderá entender a relevância estratégica da realização no seio do Museu Tavares Proença Júnior de um encontro fecundo e abrangente, de uma centena de especialistas e protagonistas de relevantes investigações, estudantes universitários e associados amigos do Museu.
Por outro lado, foi grande e significativa a abrangência regional do território dos dois lados da fronteira. De facto, desde o Alto Côa até ao Vale do Tejo e a província de Cáceres, foram muitas dezenas os casos de investigação apresentados. Em relação à nossa cidade, salientaram-se as muralhas na sua evolução e recuperação em curso; epigrafia-letreiros de romanos com valor histórico e fundacional; resultados das pesquizas realizadas no castelo e as potencialidades da continuação dos trabalhos de pesquiza no Monte de São Martinho.
Das conclusões deste notável Congresso resulta um maior conhecimento e, também, uma maior responsabilidade tendo em vista a dignificação do território pelo aprofundamento e valorização do nosso património cultural.

15/04/2015
 

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