15 julho 2015

Lopes Marcelo
A Importância dos Templários

Atendendo a que o movimento da criação de novas Comendas Templárias na nossa região é relativamente recente, procurando relevar a importância histórica e valorizar o assinalável papel social e cultural desempenhado pelos destemidos cavaleiros, voltamos ao tema.
Conforme se referiu no Mosaico do mês passado, há muito mais na história dos templários do que as pesadas roupas, sinistras armaduras e grandes espadas, salteadores mata mouros com rituais secretos sempre aproveitados nas efémeras e apressadas encenações das feiras medievais, numa vertente de animação comercial de venda de serviços de pretensa recriação histórica. Para essa função há grupos e até empresas que se afeiçoaram ao negócio, o replicam de terra em terra e o exploram com maior ou menor qualidade, o que vai satisfazendo alguns autarcas e o público em geral, pouco conhecedores e pouco exigentes.
O papel dos Templários na fundação do reino de Portugal, no povoamento da nossa região e na reconstrução da nossa cidade, foi fundamental e decisivo. Nos finais do século XI, depois da I CRUZADA ter conquistado Jerusalém, os Cavaleiros Templários regressam à Península Ibérica, pela Catalunha até ao norte, aos reinos de Castela, de Leão e ao Condado Portucalense. A partir do norte, a acção dos Templários foi muito relevante na reconquista cristã da Peninsula Ibérica e na evolução e consolidação dos reinos que marcaram a geografia política medieval.
O Conde D. Henrique, um ano antes de morrer, reconhecendo os serviços prestados pelos Templários, deu-lhes foral que abrangia uma grande propriedade e o castelo de Soure. Em 1128, na batalha de São Mamede, D. Afonso Henriques lidera o movimento de reconquista de norte para sul com a colaboração dos Templários, em que se destacou o 2º Mestre D. Fr. Raimundo Bernardo. Por essa altura, D. Afonso Henriques terá professado na Ordem, confirmou a entrega de Soure e alargou a doação de territórios entre Coimbra e Leiria aos Templários, que fundaram os castelos de Pombal, de Ega e de Redinha.
Mais tarde, em 1147, com forte ajuda dos Templários, é conquistada Santarém e o Rei cede-lhes todas as possessões e todos os rendimentos da igreja da mesma praça. Anos mais tarde, em 1159, D. Afonso Henriques cede aos Templários o território de Ceras, hoje Tomar. O arroteamento e o povoamento destas novas possessões consolidam os Templários na vertente de administração e de fortificação, alargando e defendendo a fronteira do jovem país que era Portugal na altura. Para sede da Ordem é logo escolhida Tomar, onde fundam a primeira igreja, a de Santa Maria do Olival. Iniciam logo a contrução do Castelo de Tomar e a povoação desenvolveu-se muito consideravelmente com um novo Foral dado pelo 6º Mestre da Ordem, D. Frei Gualdim Pais em 1162.
D. Afonso Henriques continuou a reconhecer os serviços dos Templários, alargando as doações até Monsanto e Idanha-a-Velha, tendo sido restaurado o castelo de Monsanto e esta povoação recebeu foral em 1174. A reconquista deste território ainda não estava consolidada devido a avanços e recuos com os serracenos que destruiram Idanha-a-Velha. D. Sancho I voltou a entregar Idanha-a-Velha aos templários que a reconstruiram.
Com uma posição privilegiada nesta enorme área de governo templário liderado por D. Gualdim Pais durante trinta e seis anos, destacava-se a já significativa povoação de Vila Franca da Cardosa que foi sendo fortificada. Em 1197, D. Sancho I faz doação aos Templários dos vastos territórios da Açafa que, juntos com as terras fronteiriças, configuravam o que é hoje toda a Beira Baixa e parte da margem sul do Tejo. No início do século XIII, no cimo do morro da colina da Cardosa, começou a ser contruído um amplo e poderoso castelo. O nosso castelo templário terá seguido a planta de um outro reconstruído pelos templários na Síria e designado por «Chatel Blanc», tendo os Templários passado a designar a então vila, sua nova sede, por Castelo Branco.

15/07/2015
 

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