18 de novembro de 2015

Maria de Belém Roseira em entrevista à Gazeta
“Castelo Branco como cidade agregadora de vontades e com capacidade para ser o motor da Região”

A candidata à Presidência da República, nas eleições de janeiro do próximo ano, Maria de Belém Roseira, desloca-se hoje, quarta-feira, a Castelo Branco, acompanhada pelo mandatário nacional, Eduardo Marçal Grilo.
Maria de Belém Roseira participa num jantar, em que serão apresentadas as linhas gerais da candidatura e que se realiza a partir das 20 horas, na Associação Empresarial da Beira Baixa (AEBB), ex-NERCAB.
A Gazeta do Interior entrevistou a candidata e dá aqui a conhecer as principais linhas de candidatura, num enquadramento regional.

Gazeta do Interior (GI): Qual o objetivo desta iniciativa em Castelo Branco?
Maria de Belém Roseira (MBR): Venho apresentar as linhas gerais da minha candidatura, o que acontece hoje, ao início da noite, aqui em Castelo Branco. Acompanha-me o meu mandatário nacional, Professor Marçal Grilo, que como sabe, é natural deste Distrito.
Quero, por um lado dar a conhecer as linhas de força do meu programa – que não é um programa de Governo – e, por outro, sublinhar alguns aspetos da nossa vivência coletiva que necessitam do envolvimento de todos, para que o País progrida numa perspetiva justa e equilibrada.
 
GI: Enquanto candidata a Presidente da República, que políticas defende para o Interior e mais concretamente para o Distrito de Castelo Branco?
MBR: A minha candidatura reflete aquilo que sempre defendi, disse e fiz. Se hoje em dia, o Interior do País tem muito pouco a ver com o que se passava há algumas décadas atrás, muito por força do poder local, o facto é que ainda há muito para realizar para que as assimetrias entre o Litoral e o Interior sejam mitigadas.
Hoje Castelo Branco é um pólo de desenvolvimento que junta várias valências e diversas vontades da Região, mas muito mais pode ser empreendido para potenciar Castelo Branco como cidade agregadora de vontades e com capacidade para ser o motor da Região.
A universidade trouxe sangue novo, há fatores de sucesso e de desenvolvimento económico e instituições que trabalham na área da Economia Social que fazem um trabalho notável junto dos mais carenciados, dos jovens e dos idosos, apenas para citar alguns exemplos.
 
GI: Na sua opinião quais são os maiores problemas com que o Interior se confronta?
MBR: O Interior vive hoje uma situação muito preocupante de dificuldade na fixação dos mais jovens e consequente envelhecimento da sua população. Embora, como disse, tenha havido melhorias notáveis nos últimos anos, muito mais tem que ser feito para que haja uma distribuição equilibrada das oportunidades de desenvolvimento no País. Esse é um problema que afeta, não apenas este distrito, mas qualquer distrito do Interior.
Apesar da descentralização administrativa, do reforço do Poder Local, das capacidades das gentes em quererem sempre o melhor para a sua terra, o facto é que Portugal ainda é muito centralizador. Uma centralidade que se vive e sente em Lisboa, em primeiro lugar, e uma segunda centralidade que leva a que o Litoral seja mais povoado que o Interior.
É minha intenção, se for eleita Presidente da República, tudo fazer para desmistificar para combater o conceito, tantas vezes ouvido, que “Portugal é Lisboa e o resto são arredores” – frase de que nunca gostei e na qual não me revejo, porque não há Portugueses de primeira e Portugueses de segunda. Somos todos o mesmo povo, merecemos todos as mesmas oportunidades, morando em Lisboa, Castelo Branco, no Litoral ou no Interior. E o Presidente da República pode e deve lutar contra as assimetrias porque elas são erradas do ponto de vista social e do ponto de vista económico. Comprometem o desenvolvimento equilibrado. Por isso são tão negativas.
 
GI: Como considera que podem ser combatidos problemas inerentes à interioridade, como é o caso da falta de emprego e a desertificação?
MBR: Tem de haver um esforço conjugado de todos. Poder central, poder local, Presidente da República, mas também das populações locais.
Como disse há pouco, a realidade do Interior do País é radicalmente diferente da que havia há dezenas de anos atrás. Hoje em dia há bons acessos por estrada, há pólos de investigação e desenvolvimento, mas há poucas condições sociais e económicas para fixar as pessoas nas suas terras. Compete aos governos o desenho de políticas públicas que favoreçam a distribuição pelo território de pólos de atração que permitam a incorporação do conhecimento na produção económica, acrescentando valor a esta.
Portugal viveu uma crise económico-financeira gravíssima nos últimos anos, de que ainda não se libertou na totalidade. Com essa crise, vieram o desemprego, as carências sociais, a instabilidade e a insegurança nas famílias. O Interior foi mais afetado com a perda de investimento, mas tem que haver retoma. As cidades do Interior têm hoje as condições para disputar a captação de investimento com as cidades do Litoral. Tem de haver, como disse no início, junção de vontades e de capacidades. Sempre gostei de procurar unir, buscar entendimentos. Acredito que poderei, na Presidência da República, ser este fator de agregação das melhores vontades para diminuir as assimetrias que existem e que comprometem o futuro que todos desejamos.
 
GI: Como podem ser valorizadas as potencialidades do Interior?
MBR: Penso que acabei por responder a esta questão na pergunta anterior. No Interior as pessoas conhecem-se melhor. Facilmente se chega ao presidente da Junta de Freguesia, se aborda um problema com o presidente da Câmara. E esta é uma vantagem que não existe no Litoral ou em Lisboa.
Hoje em dia, viver e trabalhar em Castelo Branco pode e deve ser considerado – não apenas por quem cá vive, mas por quem considera vir viver para cá – como uma vantagem. A universidade, por exemplo, deve ser um catalizador de vontades e trazer novas gerações de diferentes partes do País para, numa primeira fase, estudarem cá para depois, no futuro, poderem ter condições para cá viver.
O Interior goza também, atualmente, de alguma popularidade. Se há vários anos atrás, o objetivo de qualquer família era ir para Lisboa ou para o Litoral, assistimos nos últimos anos a uma vontade das pessoas em regressar às suas origens, procurar as suas raízes. E isso nota-se, não apenas nos emigrantes que regressam depois de uma vida de trabalho, mas também de casais que, cansados do bulício de Lisboa, procuraram cidades do Interior para viver vidas com mais qualidade.
No caso específico de Castelo Branco, a riqueza e diversidade das suas condições naturais, constituem uma mais-valia para uma atividade económica diversificada e de elevada qualidade que pode bem atrair investimento, designadamente estrangeiro, que permite dar um salto em frente, com ambição.
 
GI: Que papel pode ter o/a Presidente da República na resolução destes problemas?
MBR: O Presidente da República, como também disse anteriormente, não tem nem deve ter um programa de Governo, mas pode e deve ser um inspirador, um  agregador de vontades, e ajudar a juntar as várias visões para que, em conjunto, se construam as melhores soluções para responder às principais preocupações de quem aqui vive: a desertificação do território, o desemprego e o envelhecimento da população. Como Presidente da República, se merecer a confiança dos Portugueses, serei ativa no sentido dessa construção.
 
 GI: Nesta deslocação tem a acompanhá-la Eduardo Mar-çal Grilo, um Beirão e Albicas-trense. Qual o motivo desta escolha?
MBR: Conheço o professor Marçal Grilo há muitos anos e tenho por ele um enorme respeito e admiração.
É uma personalidade pública de relevo reconhecido, com qualidades pessoais de inteligência, de sensibilidade e de obra realizada absolutamente admiráveis.
Ligam-nos vários anos de Governo em conjunto e sou testemunha viva dessas mesmas qualidades. Por isso, me é tão caro que tenha aceite ser meu mandatário nacional. Deslocando-me a Castelo Branco para uma primeira grande ação de pré-campanha tem todo o sentido – até porque, como referiu, o professor Marçal Grilo é Beirão e Albicastrense – que me acompanhe nesta deslocação. É para mim um enorme prazer que tenha podido fazê-lo.
António Tavares

19/11/2015
 

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