18 fevereiro 2015

Lopes Marcelo
Cesteiro que faz um cesto...

A exemplo de anteriores crónicas de circunstância do mosaico cultural dos nossos dias, na pauta de livre-pensador, volto mais uma vez a interrogar.
De facto, tantas perguntas e tão poucas respostas podem levar à indiferença, ao cansaço e à desistência. Pode mas não deve, pois que quando tal acontecer a vida colectiva e, até a dignidade cívica de cada cidadão, ficará em causa.
Vemos, ouvimos e lemos... E não podemos deixar de perguntar. Mesmo quando parece que já foi tudo dito, vale a pena insistir e voltar a perguntar, tomando a palavra e, pelo menos, não calar a indignação.
Já aqui exprimi quanto é incompreensível que na governação do nosso país, a par da grande austeridade nos últimos anos que afectou o nosso viver e criou dificuldades à maioria dos cidadãos - os senhores governantes das finanças, dos impostos que arrecadaram, tenham posto de lado cerca de vinte mil milhões de Euros. Chamam-lhe eles almofada financeira para impressionar lá fora os seus parceiros governantes, as Instituições Europeias e os mercados. Agora, tais governantes de braço dado com distintos financeiros, rejubilam, querem palmas e elogios, pois consideram a sua gestão aprovada com destinção em mais um dificil exame e querem pagar já, portanto voluntariamente e adiantado, ao FMI (Fundo Monetário Internacional) parte considerável do empréstimo. Tal auto-contentamento perante os examinadores externos a quem oferecem a tal almofada financeira de bons sonhos endinheirados, não terá outra face representando tantos e tantos pesadelos e sacríficios cá dentro? Eles, que nos foram dizendo que não havia dinheiro, que era preciso apertar o cinto «custe o que custar», portanto à bruta e à pressa – surgem agora, com rasgados sorrisos de satisfação, exibem uma espécie de diploma de eficiência e competência. Mas, é assim na governação concreta? Analisemos alguns exemplos retirados do mosaico das notícias do dia-a-dia referentes a alguns Ministérios. Sim, porque todos vemos, ouvimos e lemos...
Na Segurança Social, onde as restrições mais afectaram a população carenciada, há centenas de pessoas a mais nos serviços de apoio às funções sociais? Porque não foram honrados os compromissos em áreas tão delicadas como os apoios continuados como, por exemplo, na nossa Santa Casa da Misericórdia que com as novas instalações prontas teve que esperar meses e meses sem iniciar a actividade e a pagar juros de muitos milhares de Euros do empréstimo contraído para essas instalações. Se há dinheiro, como se entendem as regras cada vez mais retritivas que empurraram para fora do subsídio de desemprego milhares de desempregados?
No Ministério da Educação, como se pode entender não ter havido dinheiro para os contratos do ensino artístico no início do ano lectivo? Ou foi só incompetência na preparação dos processos entregues (e alguns incompletos) no Tribunal de Contas apenas em Dezembro passado?
No Ministério da Saúde, se havia dinheiro como se pode entender a não expansão dos cuidados primários (Centros de Saúde), a carência de enfermeiros e médicos, bem como a grave ruptura nos serviços das urgências?
No Ministério da Justiça, se havia dinheiro como se pode entender a enorme falta de oficiais de justiça, a ruptura informática do «citius» e tribunais em contentores?
Dada a limitação de espaço, não é possível a recolha exaustiva das gritantes contradições da realidade com a festa dos governantes que até parece estarem mais preocupados e estrategicamente concentrados em fazerem currículo de bons alunos perante os seus inspiradores ideológicos e tutores políticos lá de fora, bem como as Instituições que no futuro poderão vir a ser os seus patrões em douradas e endinheiradas cadeiras. De facto, o FMI «acolheu» Victor Gaspar quando, cansado e desiludido pela falta de resultados para além das estatísticas cá dentro, colheu imediatamente o prémio das teorias que aqui ensaiou em tão «distinta» governação. E lá diz o nosso povo: «Cesteiro que faz um cesto faz um cento» - se lhe derem verga e tempo, pode-se acrescentar! E lá que estamos metidos numa grande cesta, estamos! Por mim não desisto de perguntar:
-Quanto desses milhões dos nossos impostos, que tão «eficientes» quão «frios» gestores e governantes cobraram e puseram de lado, não são escolas sem aquecimento?
-Quanto desse dinheiro, não são tribunais sem condições?
-Quanto desse dinheiro não é das portagens da A23?
-Quanto desse dinheiro não são menos abonos de família?
-Quanto desse dinheiro não é mais desemprego?
-Quanto desse dinheiro não são os juros das IPSS, incluindo a Santa Casa da Misericórdia?
-Quanto desse dinheiro não é o bloqueio dos Centros de Saúde e a ruptura das urgências?

18/02/2015
 

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