João Belém
Música na Escola
“A música deve repetir o pensamento
e as aspirações dos tempos”
George Gershwin
Um dos principais desafios para o homem neste início de século é o de repensar os modelos de educação vigentes, de modo a preparar os estudantes para um panorama que se apresenta hoje muito distinto daquele que tínhamos anteriormente.
Como comparar, as múltiplas vias que se abrem a partir dos avanços tecnológicos sem abrir mão de determinados fundamentos imprescindíveis para um desenvolvimento mais vasto?
Se no contexto social atual pusermos – como temas urgentes – a consolidação de um desenvolvimento sustentável e um maior comprometimento solidário nas relações, a transformação desse cenário global passa necessariamente pelo fortalecimento da formação de cada indivíduo e, consequentemente e para tanto, pelo fortalecimento da educação como um todo.
Nesse sentido, a educação musical, mostra-se como uma das ferramentas preciosas para a real efetivação desses desejos.
Dependendo de como é vivida, a prática musical apresenta-se como laboratório privilegiado para o exercício de determinadas qualidades transversais a toda a educação, como a cooperação, a paciência, a gentileza, a relativização da competição, a escuta de si e do outro.
O desenvolvimento de tais qualidades é, paradoxalmente e ao mesmo tempo, responsabilidade pertinente a todas as disciplinas e a nenhuma delas exclusivamente.
Além disso, a prática musical é também especialmente propícia para o fluir da criatividade, e pode trabalhar, sem grandes obstáculos, o exercício da liberdade com responsabilidade.
Dentro da aplicabilidade destes conceitos, pelos quais lutamos diariamente, tivemos o grato prazer de conviver durante uma semana com a Orquestra Sinfónica da ESART (Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico de Castelo Branco) culminando com um memorável concerto de execução impecável com que presentearam a comunidade educativa do Agrupamento de Escolas Amato Lusitano (AEAL).
A Orquestra Sinfónica da ESART é um projeto alicerçado no contexto do Curso Superior de Música que tem merecido o apreço e reconhecimento público de todo o País desde a sua criação em novembro de 2000.
Tivemos pois a oportunidade única de assistir a um concerto que começou com uma obra intitulada “ Zapping “ de 2004, encomendada pelo Teatro Nacional de S. Carlos a Luís Tinoco, segundo alguns críticos contemporâneos, um dos representantes daquilo que muitos chamam “Segunda Idade de Ouro da Música Portuguesa “
Seguidamente ouvimos uma execução primorosa da “Rhapsody in Blue”, de George Gershwin, para piano e orquestra, com a participação especial no piano do solista Armando Mota.
Para finalizar deliciamo-nos com a Sinfonia nº5, em Mi menor, op. 64 de Tchaikovsky uma das obras mais importantes do Compositor e maestro russo, que foi como é usual dizer “a cereja em cima do bolo”.
Não queria deixar-vos sem referir que penso que o papel da música na Escola é o de um importante instrumento transformador, que alia o seu conteúdo exclusivo à possibilidade de estabelecer novas relações como disciplina e sensibilidade.