Paulo Gonçalves, docente da Escola Superior de Tecnologia (EST) do Politécnico de Castelo Branco (IPCB) foi galardoado com o Emerging Technology Award, da secção de normalização do IEEE, numa cerimónia que teve lugar em Nova Iorque, dia 6 deste mês.
A distinção foi atribuída em reconhecimento pelo trabalho desenvolvido pelo grupo Ontologies for Robotics and Automation (ORA), no qual Paulo Gonçalves foi um dos três líderes, e que integra peritos internacionais na área da robótica industrial, cirurgia robótica, robótica de serviços, entre outras áreas, num total 166 pessoas de 23 países.
A norma internacional desenvolvida, datada de maio de 2015, foi a primeira na área da Robótica e Automação por parte do IEEE, e uma das primeiras sobre ontologias. Foram desenvolvidas um conjunto de ontologias e a respetiva metodologia de modelação, para ser usada como norma de Robótica e Automação no mundo inteiro.
As normas baseadas em ontologias disponibilizam um vasto leque de benefícios a utilizadores de robôs, construtores de robôs, e integradores de sistemas.
Ao providenciar o significado de conceitos base, num formato em que o robô possa perceber e raciocinar sobre eles, várias funcionalidades avançadas podem ser implementadas, tais como a integração de sistemas avançados de automação e a robótica ágil.
O grupo de trabalho focou-se nesta primeira norma nos conceitos fundamentais (Core Ontologies for Robotics and Automation) e está já a trabalhar nos domínios específicos da robótica industrial, cirurgia robótica e robótica autónoma. Áreas que terão, brevemente, a respetiva norma específica.
O grupo de trabalho ORA trabalhou ao longo dos últimos três anos e meio e conseguiu obter um consenso sobre os conceitos fundamentais e mais ainda construir um modelo formal de representação do conhecimento, que se encontra na norma.
Por seu lado, Pedro Torres, que também é docente da EST, recebeu o prémio Best Project Award, pelo projeto Haptic Feedback Investigation During Linear Manipulation of RAVEN (Surgical Robotic System), desenvolvido no âmbito da Hamlyn Winter School on Surgical Imaging and Vision, da Imperial College de Londres, juntamente com Mohamed Abdelaziz, da Universidade de Twente, com supervisão de Pierre Berthet-Rayne, do Imperial College.
A edição de 2015 da Winter School, que decorreu de 7 a 11 deste mês, contou com 21 participantes de todo o Mundo, entre alunos de doutoramento, pós-doutoramento, investigadores e cirurgiões, que durante uma semana tiveram formação sobre aquilo que se faz atualmente na área de robótica cirúrgica e linhas de investigação futuras.
Para além de apresentações técnicas proferidas por investigadores e cirurgiões de renome internacional, os participantes tiveram formação técnica nos robôs de cirurgia DaVinci e Raven II, bem como em sistemas de laparoscopia e endoscopia, análise e processamento de imagens médicas.
Os 10 grupos de trabalho participantes tiveram que idealizar uma ideia de investigação, desenvolver trabalho experimental e apresentar os primeiros resultados obtidos.
Pedro Torres e Mohamed Abdelaziz propuseram o projeto Haptic Feedback Investigation During Linear Manipulation of RAVEN (Surgical Robotic System), que consiste em aprimorar a sensibilidade do cirurgião para sentir a interação tecido-robô sem uso de sensores de força. Um conceito ainda muito limitado nos robôs de cirurgia. A equipa trabalhou o modelo cinemático e dinâmico do robô de laparoscopia Raven II e apresentou os primeiros resultados da impedância sentida quando o robô era submetido a diferentes tipos de rigidez. Foram analisados os binários dos motores e a aceleração do instrumento cirúrgico obtida diretamente pelo tracking da pinça laparoscópica com um sistema de visão.
Refira-se que o Hamlyn Centre do Imperial College é um dos mais prestigiados centros de investigação do Mundo na área dos cuidados de saúde. Associa a componente de engenharia com a componente médica, razão pela qual funciona no campus principal do Imperial College e no Hospital de St Mary’s.
Para além do prémio, e como reconhecimento de mérito, a equipa foi convidada a continuar o trabalho, com total abertura para usar os recursos do Hamlyn Center e desenvolver colaborações futuras.

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