4 fevereiro 2015

Valter Lemos
Mais desigualdade e mais pobreza

PORTUGAL É O 3º PAÍS DA UE COM MAIS ELEVADA TAXA DE POBREZA E O 4º COM MAIORES DESIGUALDADES DE RENDIMENTO. ESTE GOVERNO FOI O VERDADEIRO ANTI ROBIN DOS BOSQUES, TIROU AOS POBRES E AOS REMEDIADOS PARA DAR AOS RICOS.

Portugal foi um dos países da Europa ocidental a chegar mais tardiamente ao desenvolvimento de um estado social. Enquanto os ingleses criaram o seu serviço nacional de saúde a seguir à 2ª Guerra Mundial, os países da Europa central e do norte desenvolveram os seus sistemas educativos criando, nos anos 50 do século passado, escolaridades obrigatórias de nove ou mais anos e desenvolveram os seus sistemas de segurança social de carater universal, em Portugal o salazarismo mantinha uma escolaridade obrigatória de três ou quatro anos, a segurança social pura e simplesmente não existia, bem como o acesso a cuidados de saúde.
No entanto, o país a partir da década de 70 encetou um caminho de construção de um estado social que, três décadas depois, tinha já um Serviço Nacional de Saúde de referência mundial, uma taxa de escolarização de cem por cento até aos 16 anos de idade e um regime de segurança social de tipo universal. Quando hoje se comparam os indicadores educacionais, culturais ou sanitários dos últimos 40 anos, somos tentados a concluir que vivemos noutro país.
No entanto e apesar dessas enormes melhorias no estado social, em Portugal sempre se manifestaram enormes desigualdades sociais. Os níveis de pobreza e de exclusão sempre mostraram níveis muito elevados. No final do século XX e no início do século XXI tiveram lugar diversas políticas públicas de combate à pobreza e à exclusão conduzidas designadamente pelos governos de António Guterres e de José Sócrates. Tais políticas permitiram um assinalável progresso na redução das desigualdades sociais e do risco de pobreza de parte significativa da população portuguesa, aproximando o país das médias europeias.
Lamentavelmente, nos últimos anos, essa tendência inverteu-se. Portugal em vez de continuar a progredir, regrediu. Como se pode ver no gráfico a taxa de pobreza a partir de 2011 não só parou a descida como inverteu a tendência e voltou a subir para níveis que nos colocam novamente na cauda da Europa. Os dados de 2013 mostram que Portugal é o terceiro país dos 28 da UE com mais elevada taxa de risco de pobreza e o quarto com maiores desigualdades de rendimento. Pior do que nós no risco de pobreza só estão a Hungria e a Roménia e com maior índice de desigualdade só a Bulgária, a Letónia e a Lituânia.


Evolução da desigualdade do rendimento (S90/S10)
É esta herança que o atual governo vai deixar. Mais desigualdades e mais pobreza. Haverá alguns que dirão que a culpa é da crise e não do governo. A esses lembrarei outro indicador que é bem ilustrativo dos efeitos da política do governo nestes anos. Trata-se do indicador S90/S10 que nos dá a relação entre o rendimento dos 10% com mais rendimentos e os 10% com menos rendimentos na população. Como também se pode ver no gráfico, tal índice aumentou significativamente nos anos do atual governo. O que quer dizer que os que tinham mais rendimento ainda ficaram em melhor situação. E não foi pouco. Em 3 anos o índice passou de 9,4 para 11,1 o que significa que a desigualdade aumentou mais de 15%.
Bem pode o dr. Passos Coelho vir tentar enganar os portugueses dizendo que os sacrifícios da crise foram distribuídos ou o dr. Paulo Portas tentar disfarçar dando a entender que não tem nada a ver com isto porque a realidade é esta. Portugal tem mais desigualdades e mais pobreza. É esta a herança que o governo deixa. Na verdade este governo foi o verdadeiro anti-Robin dos Bosques, tirou aos pobres e aos remediados para dar aos ricos.






04/02/2015
 

Outros Artigos

Em Agenda

 
29/05 a 12/10
Castanheira Retrospetiva Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco

Gala Troféu Gazeta Atletismo 2023

Castelo Branco nos Açores

Video