Portugal é um dos países da UE com maior nível de desigualdades sociais. Em 2014 o Índice de Gini (que mede a desigualdade de rendimento) era de 34,5, o que nos colocava no 6º lugar na dimensão da desigualdade, logo a seguir à Roménia com 34,7 e muito distantes da média da UE (31,0) e muito mais dos países do centro da Europa como a França, a Holanda ou a Bélgica (todos abaixo de 30,0) e mesmo muito longe dos nórdicos (entre 25 e 26) ou mesmo da República Checa (25,1).
A questão das desigualdades é hoje considerada fulcral para interpretar o desenvolvimento social, pois as sociedades com mais baixos índices de desigualdade são também as que apresentam melhores indicadores de desenvolvimento humano e maiores níveis de bem-estar económico e social.
Na Europa os níveis de desigualdade, depois de acentuados progressos no final do século XX, têm mantido uma evolução positiva, ainda que mais lenta ao longo do século XXI. Não é, no entanto, o caso português. No entanto alguns dos maiores progressos na diminuição das desigualdades tiveram lugar Já durante este século, mas, num período específico do tempo. Os dois gráficos que apresentamos, extraídos do Observatório das Desigualdades, são sobre isso suficientemente esclarecedores.

Assim podemos ver na evolução do tal índice de Gini, entre 2000 e 2012, que o período em que o mesmo desceu foi de 2005 a 2009, mantendo-se estável ou até subindo, nos períodos anterior e posterior.

Mas, se analisarmos a evolução do índice S90/S10, que nos dá a medida da desigualdade entre os 10% mais ricos e os 10% mais pobres, podemos ver melhor como estão bem marcados os períodos de 2005 a 2009 com uma descida muito acentuada e o período entre 2010 e 2013 com uma subida também muito acentuada.

Destes dados podem tirar-se duas conclusões objetivas:
1 – No século XXI as desigualdades tiveram uma diminuição mais significativa entre 2005 e 2009/10;
2 – A partir de 2010/11 as desigualdades voltaram a aumentar em Portugal, designadamente entre os mais pobres e os mas ricos.
A barragem de fogo de quase todos os quadrantes políticos e da maioria da comunicação social sobre José Sócrates e o seu governo, tem impedido que os dados de evolução da situação social portuguesa nas últimas duas décadas sejam divulgados e analisados publicamente. A necessidade doentia de alguns culparem Sócrates de todos os males, tem levado outros a calarem o que não deviam. Mas, os números e os factos são o que são e mesmo torturados, por vezes, por aqueles que querem contar outra história que não a que os números apresentam, lá ficarão registados.
Foi realmente no período de Sócrates que as desigualdades mais diminuíram em Portugal.
Os que querem inventar outra história dizem que foi a crise que alterou a situação. Mas, pergunta-se, porque é que a crise tinha que aumentar as desigualdades? Se os custos da crise fossem distribuídos igualmente por todos não havia aumento das desigualdades! Pois.

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