Fernando Raposo
“PÕE-TE EM GUARDA!”
Apesar da pressão dos “mandantes” de Bruxelas, a estabilidade do país, assegurada pela Geringonça”, não pode falhar, pois o país cairia novamente no caos e a maioria dos portugueses seria uma vez mais penalizada. Daí que o diálogo entre o governo e os partidos, que, no quadro parlamentar o apoiam, deva ser permanente, leal e transparente.
A possibilidade de o PSD de Passos voltar ao governo é impensável: o seu líder convive mal com a verdade, o que torna impossível qualquer entendimento e impede o partido de fazer parte de soluções que se coadunem com valores de igualdade, solidariedade e defesa do estado social.
Ainda recentemente e ao contrário do que tinha sido acordado entre o PS e PSD, Correia de Campos não foi eleito para presidente do Conselho Económico e Social. Talvez por falta de empenho do seu líder, os deputados do PSD não honraram o compromisso assumido pelo PSD.
Não apenas pela perda de confiança no partido de Passos, mas também porque este se manteve, enquanto primeiro-ministro, um servo obediente e acrítico da Europa, qual Miguel de Vasconcellos, escrivão da fazenda, que cumpria sem pestanejar, aquando do domínio do espanhóis , os ditames dos Filipes.
É hoje claro para todos que Bruxelas, refém dos grandes grupos financeiros e económicos, desdenha dos governos nacionais que não “acertam o passo” com a sua orientação neo-liberal. Tem sido assim com os governos de Tsipras, na Grécia, com o Governo de António Costa e vamos ver como será com Espanha.
Manietada, Bruxelas diz uma coisa na praça pública e faz precisamente o contrário, no recato dos gabinetes.
Ninguém compreende que o país esteja constantemente a ser ameaçado com sanções por não ter cumprido, em 2015, a meta do défice. Os números avançados são ainda confusos, mas a injecção, por pressão de Bruxelas, de 3 mil milhões no BANIF, empurrou o défice muito para além dos 4%. E este dinheiro fazia e faz tanta falta na saúde, na educação, na segurança social, na protecção dos mais desfavorecidos!! … Mas os Senhores Jean-Claude Juncker (Presidente da Comissão Europeia), Wolfgang Schäuble (Ministro das Finanças Alemão) e Jeroen Dijsselbloem ( Presidente do Eurogrupo) e outros tantos, estão mais preocupados com o Goldman Sachs e outros grupos financeiros do mesmo calibre. E o Goldman Sachs, pelo que se sabe, tem sido muito generoso para com os seus.
Reportando-se o défice a 2015, logo, à governação da maioria PSD-CDS, não se compreende a insistente obsessão de se aplicarem sanções aos portugueses. Não foi a ex-ministra das finanças, Maria Luís Albuquerque, dada como exemplo de” boa aluna” por Schäuble?...
Hipócrita atitude, a deste senhor, que se comporta perante os pares como um autêntico “Incendiário”.
Pelos bons serviços que, na perspectiva do ministro alemão, Maria Luís Albuquerque prestou à União, esta teve direito ao seu “lugarzinho no céu”, desempenhando actualmente funções de directora não executiva na empresa Arrow Global Limited, que, segundo o expresso (03-03-2016), “comprou em 2014 carteiras de crédito ao Banif”, à data em que aquela era ministra das finanças.
A recente nomeação de Durão Barroso para Presidente não executivo da Goldman Sachs, é o mais recente exemplo desta relação “obscena” entre os grandes bancos de investimento e a União Europeia.
Não foi para isto que a Comunidade Europeia foi criada, pelo que qualquer tentativa de a União reclamar para si qualquer “pedacinho” de soberania dos países membros será lida, no actual contexto, como uma afronta e acicatará os ódios dos partidos mais extremados, sejam eles da direita mais conservadora ou da esquerda mais radical, correndo-se o risco de se incendiar definitivamente a Europa.
Como diria Sérgio Godinho, contra todos os que querem fazer o teu destino “põe-te em guarda”!!