Joaquim Martins
Pobres em Portugal – um desafio?
Pobres em Portugal – um desafio? O estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos recentemente divulgado deveria ter provocado um sobressalto cívico e aberto um debate necessário. É que o trabalho, coordenado pelo professor Farinha Rodrigues sobre o impacto da crise e da austeridade (período de 2009 a 2014) nas desigualdades económicas em Portugal, comprova que “os mais pobres são os mais afetados pelas políticas de austeridade” A sociedade portuguesa ficou mais desequilibrada. “O aumento contínuo do fosso que separa os mais ricos dos mais pobres constitui o principal traço de evolução das desigualdades ao longo destes anos de crise”.
O tema é incómodo. Obriga a tomar consciência de um problema que é de todos. Como lembrou, em comunicado de 29 setembro, a Comissão Nacional de Justiça e Paz (CNJP) [“Os mais pobres dos pobres em Portugal. Que futuro?”] “Cabe a cada um de nós sensibilizar a sociedade em geral para a injustiça que revela esta situação” E a Comissão enumera, alguns dos dados que o estudo evidencia: “os jovens perderam 29 por cento dos seus rendimentos e muitos – alguns dos mais qualificados – foram forçados a emigrar para conseguir trabalho, contribuindo para o envelhecimento da sociedade portuguesa”; “a pobreza infantil cresceu, aumentando de 22,4 por cento para 24,8 por cento; “Um quinto da população vive com menos de 420 euros”; em cinco anos “o rendimento dos cinco por cento mais ricos passou de 15 para 19 vezes superior aos dos cinco por cento mais pobres”;” Os idosos continuam ao abandono e a engrossar o grupo dos mais pobres.”
Urge (re)agir. A CNJP recomenda a divulgação das BOAS PRÁTICAS de forma “a trazer esperança, valores de solidariedade e sensibilidade ética à sociedade em que vivemos” e apela “a todas as pessoas de boa vontade para que descubram “aqui e agora” o que nos compele a uma responsabilização e a uma ética global cada vez mais concretizados”.
É o desafio do futuro!