GOVERNO VEIO A IDANHA-A-NOVA APRESENTAR A UNIDADE DE MISSÃO PARA O INTERIOR
António Costa defende a redefinição da economia do Interior
O Primeiro Ministro, António Costa, defendeu sábado, em Idanha-a-Nova, que é necessário redefinir a função da economia do Interior e apresentou a Unidade de Missão para a Valorização do Interior.
“Aquilo que temos hoje de fazer é redefinir a função económica do Interior e o País precisa muito que isso aconteça”, disse o Primeiro Ministro, durante a cerimónia de comemoração dos 100 dias de Governo que decorreu no Centro Cultural Raiano (CCR), em Idanha-a-Nova.
Para António Costa, a criação da Unidade de Missão para a Valorização do Interior, que será coordenada pela deputada socialista Helena Freitas e que terá como número dois o presidente da Câmara de Proença-a-Nova, João Paulo Catarino, “é da maior importância” para ganhar aquilo a que designou de “frente peninsular” e para o esforço de descentralização que considera necessário fazer nos próximos anos.
“Para isso é necessário alinhar as estratégias e que a Unidade de Missão seja capaz de pôr todo o Governo a trabalhar para este objetivo”, disse.
O chefe do Governo explicou que o relançamento da economia é fundamental para o País e exige uma melhoria na criação das condições de investimento e no aumento do potencial de crescimento.
“Para que o País possa, de uma forma sustentada, olhar para o futuro, é essencial aumentar o potencial de crescimento. O País definhou desde o princípio do século”, sustentou.
E, neste âmbito, realçou que a valorização do território “é uma componente essencial” e considerou que toda a raia de fronteira “é fundamental para a afirmação da economia portuguesa no mercado ibérico” e, consequentemente, no mercado europeu.
O Primeiro Ministro adiantou que se se quer ter uma administração mais eficiente, tem que se “apostar determinantemente na descentralização”.
“A pedra angular da reforma do Estado é a descentralização. É assim que conseguiremos reformar o Estado”, frisou.
E, voltando à Unidade de Missão para a Valorização do Interior, António Costa disse que esta é uma estrutura que “todos consideram destinada a ser uma missão impossível”.
Contudo, frisou que “não há nenhuma razão para que não acreditemos que é possível mudar o Interior”, concluiu.
Por seu turno, o presidente da Câmara de Idanha-a-Nova, Armindo Jacinto, agradeceu a “audácia, a coragem e o arrojo” de António Costa, ao ter escolhido um município do mundo rural para comemorar os 100 dias de governação e lançar aquilo que representa uma “grande esperança”para muitos municípios com estas caraterísticas.
Referia-se, em concreto, à Unidade de Missão para a Valorização do Interior.
“Que seja também um momento que dê uma grande longevidade a esta estrutura (Unidade de Missão para o Interior), com saúde e diria neste caso, com muita produtividade, que nós bem precisamos. Não é possível que nos demos ao luxo de desperdiçar este País, todo o seu território, de Norte a Sul, de Leste a Oeste e ilhas”, afirmou.
Disse ainda que não há razões geográficas ou orográficas que levem a que Portugal seja o segundo país mais assimétrico do Mundo.
O autarca recordou ao Primeiro Ministro que está pronto para combater nesta batalha que é do País no seu todo.
Coesão do território
é um imperativo
A coordenadora para a Unidade de Missão para a Valorização do Interior, Helena Freitas, considerou a sustentabilidade da coesão do território um “imperativo político e ético”.
Helena Freitas recordou que se tem assistido a uma “litoralização progressiva do País”, sendo evidente, “a tendência para o despovoamento, envelhecimento e empobrecimento daquilo que é entendido como o Interior”.
Esta responsável disse que para se pensar a sustentabilidade de qualquer contexto territorial, “exige-se o reconhecimento do planeamento em antecipação à decisão política e impõe inteligência e eficiência na utilização e partilha de recursos”.
Definiu a Unidade de Missão para a Valorização do Interior, como “uma plataforma agregadora de estratégias criativas, projetos inovadores e um pólo catalisador de vontades que possa fazer a diferença nos territórios do Interior”.
O antigo ministro e economista Augusto Mateus, apresentou o estudo O Mundo Rural e o Desenvolvimento Econó mico e Social de Portugal - A Agenda para 2014-2020.
Este responsável disse que Portugal Continental está transformado “numa espécie de arquipélago”, devido às assimetrias criadas e defendeu a aposta nas diferenças de cada uma das regiões para ultrapassar os problemas.
“Acabámos por transformar o Continente do nosso país numa espécie de arquipélago onde temos um conjunto muito limitado de ilhas que têm dinamismo e temos um mar de dificuldades no resto do território”, afirmou.
O economista recordou ainda que o País tem regiões, designadamente o Interior, que se debatem com o “definhamento da população e com o definhamento económico-social”, problemas que têm agora de ser corrigidos.
Carlos Castela