Politécnico de Castelo Branco comemorou 36º aniversário
Carlos Maia diz que instituição sofreu cortes de 4,2 milhões entre 2010 e 2016
O presidente do Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB), Carlos Maia, anunciou, na passada sexta-feira, que a instituição sofreu cortes de financiamento de 4,2 milhões de euros, entre 2010 e 2016, situação que interfere no seu funcionamento.
“Entre 2010 e 2016, houve cortes de 4,2 milhões de euros no Instituto Politécnico de Castelo Branco. Não são trocos, isto faz mossa e interferiu com a instituição”, disse Carlos Maia durante a cerimónia comemorativa do 36º aniversário do Politécnico que decorreu no auditório da Escola Superior Agrária (ESA) de Castelo Branco.
Este responsável realçou o facto de o Ensino Superior ter sofrido “cortes brutais” e adiantou que na instituição que preside, verificou-se também uma redução de receitas próprias na prestação de serviços, fruto da fragilidade que atinge algumas empresas a quem prestava serviços.
Carlos Maia, aproveitou a presença da secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Maria Fernanda Rollo, na sessão comemorativa do aniversário da instituição para fazer algumas reivindicações e deixar alguns alertas.
“Todas as medidas de otimização no Politécnico já foram feitas. No orçamento para 2017, 93 por cento das verbas são para despesas com o pessoal. Estamos muito próximos do grau zero”, sustentou.
Adiantou que as medidas de contenção foram “muito duras” e apesar de considerar positivo o acordo feito entre o Ensino Superior e o Governo, foi taxativo: “Precisamos de um reforço financeiro no Ensino Superior”.
Carlos Maia apelou ainda à desburocratização dos processos de candidaturas de projetos financiados e alertou para a necessidade de captar mais pessoas para o Ensino Superior e para a atual política de vagas que é seguida no setor.
“Recorde-se que 53 por cento das vagas concentraram-se em três cidades (Lisboa, Porto e Coimbra), enquanto que o Interior está cada vez mais despovoado”, frisou.
O presidente do Politécnico falou também da necessidade de rejuvenescer os recursos humanos no Ensino Superior e disse que da instituição Albicastrense, entre 2010 e 2016, saíram 58 funcionários que não foram substituídos.
A secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior ouviu as reivindicações e não deixou o presidente do Politécnico sem resposta.
“O financiamento é escasso. Teremos que trabalhar mais nesse sentido para dotar o Ensino Superior com mais recursos. Temos que o fazer convosco, conscientes da realidade que temos”, sublinhou.
Maria Fernanda Rollo sustentou que em 2016/2017 há uma inversão dessa tendência negativa e adiantou que pela primeira vez abriu um concurso especificamente ligado à investigação para os institutos politécnicos.
A secretária de Estado deixou ainda claro que o Governo assume o conhecimento e a valorização das pessoas como uma prioridade e disse não se conformar com os dados que indicam que só um em cada três jovens frequenta o Ensino Superior.
“A ideia de que não é preciso estudar é falsa. Temos que lutar contra esta ideia feita”, disse.
Já o presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), Francisco Morato, defendeu a necessidade de um modelo de financiamento estável para o Ensino Superior.
“Confiemos no sistema e nos seus agentes e não desperdicemos a capacidade instalada”, disse.
Francisco Morato adiantou que o sistema politécnico tem atualmente mais de quatro mil doutorados e cerca de meio milhão de diplomados.
“Hoje as instituições politécnicas estão de novo a crescer em número de alunos e cada vez mais alunos o escolhem como primeira opção”, concluiu.