A PARTIR DE SÁBADO, NO ANTIGO EDIFÍCIO DOS CTT
		A arte de Martins Correia em exposição
		É preciso muito tempo para aprender a ser jovem (Picasso) O Museu Martins Correia Visita Castelo Branco é a exposição de desenho, pintura, escultura e cerâmica de Martins Correia, que está patente a partir de sábado, no antigo edifício dos CTT, no Largo da Sé, em Castelo Branco. 
A mostra que é organizada pela Câmara de Castelo Branco e pelo Museu Martins Correia, da Golegã, é comissariada pela crítica de arte Maria João Fernandes, da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA) e tem como objetivo relançar a obra de Martins Correia (1910-1999), um dos nomes cimeiros da segunda metade do Século XX português e autor da estátua de Amato Lusitano (1511-1568), nascido em Castelo Branco e humanista de renome europeu, verdadeiro ícone da cidade.
A mostra, que é inaugurada às 15 horas reúne mais de 100 obras, entre desenho, pintura, escultura e cerâmica, das quais faz parte um conjunto de desenhos inéditos da coleção da filha, Elsa, com o tema do nu.
A exposição, por escolha de Maria João Fernandes, apresenta-se em cinco capítulos, que são: Rostos no Tempo; O Povo de Amor Cantava; O Ciclo do Cavalo; O Poema do Corpo e O Estilo e as Formas, Síntese Plástica, que permitem uma visão de conjunto coerente e diversificada desta obra marcante da escultura e da arte portu- guesa contemporânea e a sua releitura, levada a cabo no texto de apresentação de autoria de Maria João Fernandes.
A abordagem de Maria João Fernandes sublinha o génio e a singularidade de Martins Correia e a sua criação de um estilo original que liga as formas e os símbolos, promovendo, nas suas palavras, uma espécie de “arqueologia do imaginário” em relação com a arte primitiva, a exemplo do que aconteceu com os arautos da modernidade num plano internacional, nomeadamente com Picasso, autor da frase que serviu de mote à exposição, que Martins Correia desenhou e tinha inscrita na parede do seu atelier. Da apresentação de Maria João Fernandes é também de salientar que “depois de um relativo longo silêncio em que não tivemos muitas oportunidades de a apreciar, deslumbra-nos hoje com o fulgor da sua originalidade e da sua invenção, a obra de Mestre Martins Correia para quem a Poesia era o grande motivo condutor do seu trabalho. O seu contributo para a arte contemporânea portuguesa, em sintonia com grandes marcos da arte internacional, tem sido sublinhado pela fortuna crítica que a sua obra inspirou. Da “raiz primitiva e popular, grega e românico-gótica” (citando MC) até às Demoiselles da Golegã, o caminho passa sem dúvida pelo sintetismo de Brancusi e pelas Demoiselles d’Avignon, obra de Picasso fundadora do cubismo e da modernidade. Martins Correia percorreu o grande périplo da arte universal. Na sua escultura a estética do fragmento, a cor, transfiguram a memória das formas, a pureza inaugural do gesto e juntam-lhes a intensidade, a liberdade de manipulação das formas e de composição, expressivas, próprias da contemporaneidade. 
A obra da Martins Correia, como a de Picasso, mergulhou na arte do passado para dela extrair a novidade de um estilo único. A arte egípcia, a etrusca, a arte grega e a romana no seu caso, na policromia e no hieratismo intenso das formas, deixaram as suas marcas numa gramática que se impõe pela absoluta modernidade e singularidade no assumido vínculo a movimentos do Século XX co-mo o Expressionismo e o Construtivismo e desenvolvendo uma estética do fragmento que mimetiza a erosão das formas por efeito do tempo, grande protagonista deste percurso.
Martins Correia, artista poeta, reúne numa mesma corrente os afluentes da poesia, da forma e da cor que se diluem em silêncio e música e convidam ao movimento e à dança, como se esta fosse o mais natural destino destas formas, destes traços e destas cores cheias de sol e da seiva de uma vida que regressa à sua original, mágica e eterna essência”.
Por seu lado, o mestre Manuel Cargaleiro afirmou, em 2004, que “como admirador, desde sempre, da obra de Martins Correia, quero dizer que este meu Amigo-Escultor da Poesia e da Liberdade trazia nele os ensinamentos helénicos de muito longe e o vento do génio na ponta dos dedos”.