Benedicta Duque Vieira
Um povo no Ano Europeu do Património Cultural
Evocando Santa Águeda, cuja festa litúrgica se celebrou no dia 5, com missa celebrada na ermida junto à barragem que abastece de água tantas das nossas populações, aconteceram na Póvoa uma série de iniciativas que, não se duvida, ficarão na memória dos muitos que nelas participaram. O mote veio da consagração do ano de 2018 como Ano Europeu do Património Cultural, uma oportunidade para, em conjunto, cuidarmos do que nos une e do que nos identifica. O estímulo veio da disponibilidade de alguns em colaborarem com o seu saber, com o seu trabalho, com o sua ajuda monetária para as pequenas mas inevitáveis despesas, e veio também do gosto com que tantos aderiram e incentivaram as várias realizações.
Sob o lema Valorizar e preservar tradições cumpriu-se um programa cultural delineado com sentido de urgência (as festas tradicionais da Póvoa estão sendo deixadas morrer), com sentido de adaptação (encontrando novas formas de celebração mantendo o espírito da festa), com sentido de coesão (envolvendo as instituições locais e as várias gerações), com sentido de continuidade (abrindo caminho a realizações ao longo de todo o ano).
Assim, dia 3, ouviu-se na igreja matriz um concerto pelo Orfeão de Castelo Branco, que executou um programa que teve o seu momento alto com a interpretação da música tradicional da romaria de Santa Águeda com um arranjo recente do maestro Rui Barata, a que se juntaram depois as vozes dos assistentes acompanhados a adufe e viola beiroa. De seguida inaugurou-se no salão da Junta de Freguesia, uma exposição de patchwork, “Pequenos Retalhos, Memórias e Tradições”, que surpreendeu pela variedade e qualidade dos trabalhos – beneficiados pela montagem concebida pelo professor e designer Carlos Matos tirando partido dos modestos equipamentos da Freguesia cedidos pela Junta – que dialogaram com algumas peças antigas religiosamente preservadas pelas famílias.
No dia seguinte, na Casa da Cultura, em mais um encontro de “Leituras, Leitores e Muito Mais”, cantou-se, aprendeu-se a tocar adufe, evocaram-se com fotografias e textos festas passadas em louvor de Santa Águeda e lembrou-se, com saudade, o velho Entrudo. Finalizou a tarde com uma animada e divertida escolha dos “compadres” e das “comadres”, outra tradição a valorizar. Lá estaremos na Páscoa, a festejar a Senhora da Encarnação e a trocar as amêndoas.
A despertar consciências, os meninos e meninas do Jardim de Infância e do 1º ciclo, tiveram com “ A albufeira de Santa Águeda contada às crianças” ilustrada por um vídeo elaborado pela Plataformas de defesa da albufeira, uma sensibilização aos problemas das águas e da arborização na envolvente da barragem, problemas que são uma ameaça para o seu próprio futuro.