27 de junho de 2018

Joaquim Martins
Apontamentos da Semana...

Não queria falar de futebol – Confesso que não queria. Apesar do mundial. Apesar de Portugal se ter apurado para a fase seguinte. Apesar de ter sofrido nos três jogos já realizados. Faço-o apenas para deixar o meu protesto. Pelo abuso. Pelo tempo desperdiçado. É que as mais de 1000 horas televisivas dedicadas a Bruno de Carvalho e ao Sporting, no último mês ( Rui Tavares no Publico de 25 de Junho) não podem deixar de arrepiar.Mil horas de espaço televisivo? De espaço publico? Há que protestar. Pelo ruído. Pela intoxicação. Pela forma como se alimentam populismos e ódios tribais. Pela forma como se promovem pequenos ditadores que sonham com dinheiro, fama e poder.
Será que a Assembleia Geral de um clube de futebol justifica transmissões diretas, painéis de debate e dezenas de camaras? Seráque um clube centenário, com as suas escolas e atletas de todas as idades, não mereceria outro tipo de tratamento e respeito?
A verdade dura e crua é que estes fait divers tão insignificantes impedem que se olhe de forma séria para acontecimentos tão preocupantes como os que estão a acontecer na Europa, com os emigrantes e com os refugiados. Quem fala por eles? Quem lhes dá o espaço público que merecem? Por que não se questiona o papel da União Europeia? E de cada um dos Países que a integram, Portugal incluído, claro?! E a irracionalidade e desumanidade dos Estados Unidos perante os refugiados que chegam às suas fronteiras? E perante os fantasmas da crise migratória? Lá e por esta Europa fora? E o triunfo do novo sultão turco, que, prendendo e silenciando os opositores, consegue uma alteração do regime político que lhe vai conferir poderes quase absolutos?
O pretexto do futebol não pode fazer esquecer os verdadeiros problemas. Quem deu conta da campanha “Partilhar a viagem” proposta pelo Papa Francisco, visando colocar os refugiados no centro das atenções e “quebrar barreiras culturais”, quase sempre resultantes de “má informação e preconceitos”? A Caritas portuguesa que aderiu propondo “vem e partilha o teu pão” lembrou que  “22,5 milhões de pessoas em todo o mundo foram forçadas a fugir do seu país”e lamentou “que não haja nenhum país a propor soluções que tenham em conta a resolução das causas que levam famílias inteiras a fugir” e que só se ouça “ falar em punição, em prisão, em fechar fronteiras”.

27/06/2018
 

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