21 de novembro de 2018

Maria de Lurdes Gouveia Barata
A ESTRATÉGIA DO DESINFORMAR – ESTÁ AÍ E É PERIGOSA

Já anteriormente falei do boato, da maledicência, da mentira consequentemente. E a mentira invadiu os nossos dias e tornou-se uma arma manhosa para atingir certos fins. Fala-se de notícias falsas (fake news – o estrangeirismo desnecessário continua a vingar…) que podem causar danos irreparáveis na vida quotidiana dos homens, uma vez que são uma arma, arma abjecta, em situação determinada com engodos de maldade. Generalizaram-se as técnicas de comunicação e informação ao serviço da mentira, da desinformação, que é acto punível, mas apesar disso lá se vai cantando e rindo…
Politicamente, a mentira pode ser mentora de estratégia contra adversários, um modo baixo e desprezível para conseguir objectivos em proveito próprio ou de um grupo. Porém, há gente que não se importa de ser desprezível. Já noutro tempo pregou o Padre António Vieira: para não mentir, não é necessário ser santo, basta ser honrado, porque não há coisa mais afrontosa, nem que maior horror faça a quem tem honra, que o mentir. Passa sempre pelo ser de cada homem. O partidarismo político pode tornar-se mais ou menos digno conforme o carácter dos homens que tem. Na proximidade de eleições ou durante campanhas eleitorais podem recorrer a torpes mentiras, boatos incipientes quando, de modo mesquinho, se levantam suspeitas por dúvidas propositadamente lançadas, exacerbando-se até se tornarem verdades. Otto Bismark ratifica: nunca se mente tanto como em véspera de eleições, durante a guerra e depois da caça.
O público em que caem as mentiras pode ficar alvoroçado pelo gosto de ouvir denegrir alguém, visto que é pedra atirada em águas de pasmaceira. Também há o público mais justo e cauteloso, por mais informado e honesto, não caindo no perigo de num ápice julgar e condenar sem qualquer prova. Todavia, caem frequentemente no público de boca hiante para o mal, para a maledicência, para o gosto sádico em atingir alguém. E a mentira cresce, multiplica-se, para regozijo dos que fizeram dessa mentira uma estratégia bem planeada para a meta definida. Como disse Fernando Pessoa, o público não quer a verdade, mas a mentira que mais lhe agrade.
A desinformação tornou-se arma poderosa nos nossos dias. Pretende dar falsa imagem da realidade, induzindo ao erro, ocultando parte das informações, inventando outras, destacando o que interessa para conduzir a opinião pública, manipula pela deturpação, pela visão parcial, pela invenção. Já hoje se discute este problema da desinformação. A popularização da Internet tornou-se a via mais rápida para os boatos que convêm e que se tornam destrutivos a vários níveis. Não há citação de fontes, não há credibilidade de fontes e as informações propagadas são caos de informação, melhor dito, são desinformação.
Em A Revista do Expresso ( E ) – 10/Novembro/2018, p.70 – vem um artigo sobre o livro A Morte da Verdade de Michiko Kakutani, sendo o título desse artigo «A nova era da mentira». Estes títulos deixam um arrepio de preocupação, perturbam, porque já cada um de nós tem experiências, em maior ou menor grau, dos efeitos das mentiras, seja a um nível local, ou nacional, ou mundial – é só lembrar o que se passou nas eleições de Trump e Bolsonaro, por exemplo, havendo mesmo fábricas de produção do caos desinformativo. Vozes levantam-se e apontam perigos para a democracia e para o regresso de totalitarismos. As redes sociais tornam-se o campo disseminador de suspeitas atiradas que se transformam em boatos e vão minando a relação entre os homens, destruindo reputações e vidas de pessoas para satisfazer interesses doutras pessoas – as que mentem intencionalmente, porque a desinformação tem uma intenção. Devemos estar vigilantes!

21/11/2018
 

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