19 de dezembro de 2018

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

PORTUGAL É UM PAÍS DE CONTRASTES. Foram mais 17 “óscares” do turismo para a coleção de galardões que Portugal tem colecionado, atribuídos pelo World Travel Awards, incluindo pelo segundo ano consecutivo o mais importante galardão, o do país como Melhor Destino do Mundo e para Lisboa, que, juntamente com o Porto, continua a somar prémios, o de Melhor Destino City Break. Para além da Madeira, como melhor Destino Insular e os Passadiços do Paiva a ser reconhecida como a Melhor Atração Turística de Aventura. E o melhor desta onda de reconhecimento de todo um país como sendo um bom lugar para visitar, mesmo para viver, porque é seguro e de luminosidade única é que também na nossa região se sente claramente um movimento de atração de estrangeiros, na maioria europeus, quase sempre jovens, que buscam nas nossas aldeias espaço para se fixarem e viverem uma experiência de proximidade com a natureza em estado quase puro. Mas no mesmo mês em que tudo isto acontece e que nos faz aumentar a autoestima, Portugal mostra ser um país onde ainda acontecem coisas como a dramática queda do helicóptero que revelou mais uma vez uma injustificada falha de comunicações e descoordenação entre serviços de emergência. Um país onde se demora quase duas longas horas até ao início das operações da busca e resgate dos destroços e dos corpos das vítimas não pode garantir segurança aos que escolheram aqui viver ou tiveram a ventura de aqui nascer. E se tivesse havido sobreviventes à queda, quando todos os segundos contam? Seria bom que, como povo, não passássemos de uma autoestima saudavelmente elevada para uma doentia autocomi-seração.

O MOVIMENTO DOS COLETES AMARELOS que nas últimas cinco semanas tem estado no topo das notícias, parece querer chegar a Portugal na próxima sexta, pretendendo ocupar ruas e bloquear estradas. É conveniente estarmos preparados e alerta, não esquecer todo o mal estar social que está por detrás do despoletar do movimento, com cada vez maior empobrecimento da classe média que não se revê nas elites políticas que governam. Em França é assim, entre nós veremos se a capacidade de mobilização será suficientemente forte. Não é o direito à manifestação e à livre expressão que queremos contestar. É antes a preocupação por serem movimentos inorgânicos, sem lideres declarados com quem as autoridades possam negociar seja o que for e que estão a ser apropriados pela extrema direita mais radical, a aproveitar a onda de populismo que varre toda a Europa.

A ÉPOCA NATALÍCIA que atravessamos, que seja vivenciada em família e com os amigos e com um consumismo moderado e sensato, a que quer queiramos ou não, não conseguimos fugir. Concluo com um texto de Sophia de Mello Breyner “Eu gostava mais do Natal do que dos presentes. Os presentes baralham-se na minha memória. Deram-me com certeza muito prazer. Mas o prazer esquece. Lembro-me do Natal: porque o Natal não era prazer mas sim alegria e a alegria tem qualquer coisa de eterno. Só o maravilhamento é eterno.” Bom e feliz Natal.

19/12/2018
 

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